Os Estados Unidos detetaram alguns sinais de que as forças russas estão a planear a retirada da cidade de Kherson, disse a Casa Branca, esta quinta-feira.
Ainda assim, o conselheiro nacional de segurança da Casa Branca, Jake Sullivan, salientou que a retirada não significa o fim da guerra, adiantando que os Estados Unidos não estão a pressionar a Ucrânia para entrar em negociações com a Rússia, diz a agência Reuters.
De notar que a Rússia anunciou, esta quinta-feira, que as suas tropas iniciaram a retirada da cidade estratégica, num momento em que aumentam os sinais sobre uma decisão que poderá significar uma viragem no conflito.
Nessa linha, os oficiais ucranianos citados pela agência noticiosa Associated Press (AP) consideraram que as forças russas não tinham outra alternativa, mas permanecem cautelosos por recearem tratar-se de uma armadilha, com o perigo de uma emboscada.
A retirada forçada de Kherson, a única capital provincial que Moscovo conquistou, poderá significar um dos maiores desaires militares para as forças russas, fazendo recordar o seu recuo da região de Kyiv, no início do conflito.
A recaptura de Kherson poderá ainda permitir à Ucrânia recuperar territórios no sul, incluindo eventualmente a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.
Além disso, a retirada russa deverá fazer aumentar a pressão sobre o Kremlin a nível interno para uma escalada do conflito, quando as avaliações dos serviços de informações norte-americanos se referem a dezenas de milhares de civis e a centenas ou milhares de soldados mortos ou feridos, acrescenta a AP.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.430 civis mortos e 9.865 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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