O conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, acusou a Rússia de ser a culpada pelo “incidente com mísseis” que, na noite de terça-feira, vitimou duas pessoas na Polónia, junto à fronteira com a Ucrânia
“Na minha opinião, é necessário aderir a apenas uma lógica. A guerra começou e está a ser travada pela Rússia. A Rússia ataca massivamente a Ucrânia com mísseis de cruzeiro", começou por dizer, em comunicado citado pela agência Reuters, depois de o presidente norte-americano, Joe Biden, ter considerado ser improvável que o míssil que atingiu aquele território da NATO tenha sido disparado a partir da Rússia, uma vez que “há informações preliminares que contestam isso".
Podolyak foi, por isso, taxativo: “A Rússia transformou a parte oriental do continente europeu num campo de batalha imprevisível. Intenção, meios de execução, riscos, escalada - tudo isso é apenas a Rússia. E não pode haver outra explicação para quaisquer incidentes com mísseis", atirou.
Já na rede social Twitter, o responsável reiterou que "apenas a Rússia é responsável pela guerra na Ucrânia e pelos ataques em massa com mísseis", complementando que "apenas a Rússia está por detrás dos riscos crescentes para os países fronteiriços".
"Não há necessidade de procurar desculpas e adiar decisões. Está na hora de a Europa 'fechar o céu' [fechar o espaço aéreo]. Também para a sua própria segurança", indicou.
Only Russia is responsible for the war in Ukraine and massive missile strikes. Only Russia is behind the rapidly growing risks for the border countries. No need to look for excuses and postpone key decisions. Time for Europe to "close the sky over 🇺🇦". For your own safety too...
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) November 16, 2022
Na terça-feira, Podolyak considerou, na mesma rede social, que a queda de mísseis russos em território polaco não se tratou de "um acidente", mas de um ataque deliberado "da Federação Russa, disfarçado de 'erro'".
"Isto acontece quando o mal fica impune e os políticos se empenham na 'pacificação' do agressor", escreveu, lançando que "o regime terrorista da Rússia deve ser parado".
Recorde-se que o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Polónia confirmou, na noite de terça-feira, que um "projétil de fabrico russo" atingiu o território deste país da NATO junto à fronteira com a Ucrânia, causando dois mortos.
Nessa linha, a NATO concordou, esta quarta-feira, apoiar a investigação lançada pela Polónia.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.557 civis mortos e 10.074 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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