O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lukasz Jasina, disse aos meios de comunicação locais que o Governo polaco já tinha avisado Moscovo que não deveria enviar "pessoas incluídas na lista (de personalidades sancionadas) da UE para a cimeira de ministros da OSCE [Organização para a Segurança e Cooperação na Europa]".
"A posição do Ministério dos Negócios Estrangeiros polaco foi enviada à Moscovo numa nota diplomática", detalhou o porta-voz, acrescentando esperar que "a Federação Russa selecione os membros da sua delegação de acordo com as regras em vigor".
Nos dias 01 e 02 de dezembro, os ministros dos Negócios Estrangeiros da OSCE, atualmente presidida pela Polónia, vão reunir-se na cidade polaca de Lódz (centro).
Na sexta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros polaco anunciou que tinha recusado a entrada de uma delegação russa no seu território para a reunião anual dos 57 ministros dos Negócios Estrangeiros da OSCE.
"Esperamos que a Federação Russa escolha os membros da sua delegação em conformidade com os regulamentos em vigor", disse então, em declarações à agência AFP, uma fonte da presidência polaca da OSCE, acrescentando que não deveria "incluir pessoas sancionadas pela UE" na sequência da ofensiva russa na Ucrânia iniciada em 24 de fevereiro, incluindo Serguei Lavrov.
No dia seguinte, a Rússia denunciou a decisão polaca como "provocatória e sem precedentes".
"Varsóvia não só se desacreditou a si própria desta forma, como causou danos irreparáveis à autoridade de toda a Organização", consideraram na ocasião as autoridades de Moscovo.
O chefe do gabinete presidencial da Polónia, Pawel Szrot, disse hoje numa entrevista televisiva que a presença de Lavrov na cimeira seria "como a de um caçador num congresso vegan".
Na sequência da invasão russa da Ucrânia, a Polónia e os três Estados bálticos anunciaram em setembro que tinham coordenado a restrição temporária da entrada de cidadãos russos no seu território, mesmo para os portadores de vistos europeus.
As tensões escalaram recentemente com a queda, na terça-feira passada, de um projétil na Polónia, incidente que causou dois mortos. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reiterou que o projétil foi lançado pela Rússia, mas investigações posteriores indicam que poderá tratar-se de um míssil de defesa antiaérea disparado pelas forças ucranianas e que se desviou da rota. O chefe de Estado polaco categorizou o impacto como "um acidente".
O conflito em curso na Ucrânia mergulhou a Europa naquela que é considerada como a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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