Macau vai criar dois centros tecnológicos para apoiar projetos lusófonos
Macau anunciou hoje a criação de dois centros sino-lusófonos para apoiar a fixação de "projetos de tecnologia avançada" da lusofonia na região chinesa da Grande Baía, com a atribuição de bolsas e colaborações com universidades e empresas.
© Lusa
Mundo Grande Baía
O chefe do executivo do território, Ho Iat Seng, tinha anunciado, na semana passada, durante a apresentação das Linhas de Ação Governativa (LAG) para 2023, o estabelecimento de um Centro de Ciência e Tecnologia Sino-Lusófono, mas hoje, durante o debate setorial para a área da Economia e Finanças, o Governo esclareceu que, afinal, são dois espaços.
"Um centro na Zona de Cooperação Aprofundada e outro a ser criado em Macau", notou o diretor dos Serviços de Economia, Anton Tai Kin Ip, referindo-se à área de cooperação entre a província de Guangdong e Macau, em Hengqin (ilha da Montanha).
Na sessão de perguntas dos deputados, o parlamentar Kou Kam Fai questionou os membros do Governo sobre o funcionamento e as perspetivas para esses centros, até porque, disse, "muitas vezes os resultados não mostram grande eficácia, mas são sempre grandes investimentos".
Tai Kin Ip referiu que o objetivo final é permitir que "projetos de tecnologia avançada dos PLP [países de língua portuguesa] possam entrar para o mercado da Grande Baía".
Além disso, acrescentou o responsável, serão concedidas "bolsas e [serão feitas] articulações entre universidades e também empresas".
A Grande Baía é um projeto de Pequim que visa criar uma metrópole a partir das regiões administrativas especiais de Macau e de Hong Kong, e nove cidades da província de Guangdong, com mais de 60 milhões de habitantes.
Ainda no âmbito da cooperação sino-lusófona, o secretário para a Economia e Finanças de Macau, Lei Wai Nong, sublinhou hoje que, em 2023, ano em que se celebra o 20.º aniversário do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), "o intercâmbio e a cooperação entre o Interior da China, Macau e os países de língua portuguesa, em termos de comércio, cultura, convenções e exposições, formação, entre outras áreas, serão elevados para um novo patamar".
Para o ano, a administração de Macau espera também dar início aos trabalhos preparativos para a realização da 6.ª Conferência Ministerial do Fórum Macau, que não se realizou em 2019 devido à pandemia da covid-19.
Além do reforço das trocas económicas e comerciais entre a China e os parceiros lusófonos, Macau planeia "promover a construção da plataforma de prestação de serviços financeiros" entre os dois lados e de um "centro de regulação das transações em RMB [renminbi, moeda chinesa] para os países de língua portuguesa", disse Lei Wai Fong.
Ainda segundo o secretário, a região administrativa especial chinesa quer "incentivar bancos de Macau a providenciarem incessantemente serviços de financiamento transfronteiriço aos países lusófonos, alargando as ações promocionais sobre os produtos e serviços denominados em RMB".
Após um ano de "provações redobradas", na sequência da pandemia de covid-19, Lei Wai Nong notou que "o eixo principal" da ação governativa para a pasta que lidera consiste em acelerar a recuperação económica e promover a "diversificação adequada" do território.
Macau fechou as fronteiras em março de 2020 e quem chega ao território -- com exceção da China continental -- é obrigado a cumprir quarentena em hotéis designados pelas autoridades, atualmente fixada em cinco dias.
As rigorosas restrições fronteiriças tiveram um forte impacto no turismo e jogo, pilares da economia local.
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