Prosseguem, agora também com mergulhadores, as buscas pelos 11 desaparecidos depois dos deslizamentos de terra na ilha italiana de Ischia, que causaram pelo menos a morte de uma mulher. Há ainda 13 feridos.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, convocou um Conselho de Ministros extraordinário para a manhã deste domingo para declarar estado de emergência e assim desbloquear fundos para ajudar à reconstrução.
"O Conselho de Ministros, sob proposta do ministro da Proteção Civil, declarou o estado de emergência a que se seguirá o despacho do chefe da Proteção Civil, tendo efetuado uma dotação inicial de 2 milhões de euros", foi anunciado.
Este será o primeiro investimento para ajudar a população da localidade de Casamicciola Terme, uma das seis cidades desta ilha vulcânica voltada para o Golfo de Nápoles e que foi devastada por um deslizamento de terra de uma parte do monte de Epomeo devido às chuvas fortes.
Para desenvolver as primeiras intervenções, o Governo de Giorgia Meloni escolheu a atual vereadora de Casamicciola, Simonetta Calcaterra, como comissária extraordinária para dirigir os trabalhos durante o estado de emergência, durante um ano.
Por outro lado, o Conselho de Ministros prometeu aprovar ainda este ano o "Plano Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas", um documento que expõe as áreas de risco hidrogeológico e sísmico apresentado em 2018 e que nunca foi aprovado, apesar de ser considerado uma peça-chave para a prevenção.
"Não podemos fazer prevenção se não tivermos previsões", sustentou o ministro Musumeci, ao considerar "incrível" que o documento ainda não tenha sido aprovado, apesar dos frequentes sismos e deslizamentos de terra que ocorrem no país.
"É claro que o nosso território padece de falta de planeamento e os relatórios ainda estão nas gavetas e não dão margem à fase de intervenção", lamentou.
Por isso, Meloni ordenou a criação de um grupo de trabalho interministerial, para angariar os recursos financeiros existentes para fazer face à "emergência hidrogeológica nacional" no apoio aos municípios, "começando pelos mais pequenos".
Meloni, a primeira mulher a governar o país e há um mês no poder, manifestou a vontade de visitar Casamicciola, mas será mais tarde porque ir agora, enquanto continuam as buscas pelos desaparecidos, "seria apenas uma passarela", disse Musumeci.
Buscas prosseguem
Recorde-se que, no sábado, o vice-presidente do executivo, Matteo Salvini, referiu a existência de oito vítimas mortais, quando falava com jornalistas na abertura de uma extensão do metro em Milão. Mais tarde, o ministro do Interior de Itália avançou que nenhuma morte tinha sido confirmada e o presidente da região de Nápoles, que inclui Ischia, disse que pelo menos 12 pessoas estavam desaparecidas.
Entretanto, pouco tempo depois, o corpo de uma mulher de 31 anos foi recuperado. Eleonora Sirabella, a primeira vítima confirmada da tragédia de Casamicciola, trabalhava como vendedora e ligou ao pai a pedir ajuda quando tomou conhecimento da tragédia iminente. De acordo com o que foi apurado, quando o homem, que mora a uma curta distância, no município de Lacco Ameno, chegou, ficou bloqueado pelo rio de lama.
De acordo com o jornal italiano La Repubblica, o companheiro de Eleonora continua desaparecido.
Entre os 11 desaparecidos estão pelo menos duas famílias com crianças.
O balanço indica ainda que várias pessoas tiveram de ser hospitalizadas, entre as quais um rapaz em estado grave devido a traumatismos graves no tórax.
As imagens que vêm de Ischia, uma ilha vulcânica famosa pelas suas fontes termais, são de devastação e caos, com casas desmoronadas, ruas repletas de pedras e árvores arrancadas, e carros e autocarros que entraram junto à zona da praia.
Cerca de 200 moradores de Casamicciola tiveram de ser retirados das suas casas.
"As pessoas devem entender que, em algumas áreas, não é possível morar, não há necessidade de construção não autorizada. Edifícios em áreas hidrogeologicamente frágeis devem ser demolidos", defendeu o governador da região da Campânia ao canal italiano Rai News.
A ilha de Ischia é um dos principais destinos turísticos da Itália durante o verão e faz parte do arquipélago napolitano, de origem vulcânica e com declives acentuados, razão pela qual costuma sofrer este tipo de deslizamento de terra. A última tinha sido em 2009.
[Notícia atualizada às 13h29]
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