O jovem de 19 anos responsável por matar dez pessoas negras num tiroteio num supermercado em Buffalo, nos Estados Unidos, vai declarar-se culpado esta segunda-feira, segundo confirmaram à Associated Press os advogados das vítimas.

Payton Gendron vai ser apresentado em tribunal no condado de Erie County, no estado norte-americano de Nova Iorque, depois do julgamento ter sido adiado devido a uma tempestade de neve.

À agência de notícias norte-americana, os advogados John Elmore e Terrence Connors, que representam os familiares das 10 vítimas mortais e dos três feridos, contaram que a defesa de Gendron confirmou as intenções do atirador de se declarar culpado de todos os crimes de que é acusado.

Gendron também deve renunciar o direito a recorrer da futura sentença.

O jovem é acusado de uma série de crimes, depois de, em maio, ter protagonizado um dos ataques racistas mais mediáticos dos últimos anos. Com a explícita intenção de matar o maior número de pessoas negras possível, Payton Gendron conduziu durante três horas até um supermercado em Buffalo, selecionado pelo próprio por se situar numa zona predominantemente habitada por pessoas negras.

O ataque fora planeada ao longo de meses e Gendron não escondeu as suas intenções em algumas redes sociais, o que gerou alguma contestação por parte da comunidade, que questionou a eficácia das forças de inteligência doméstica norte-americanas. Gendron usou uma espingarda semiautomática e matou 10 pessoas, ferindo mais duas - todas as vítimas mortais são negras. O tiroteio foi filmado pelo próprio, que usou uma câmara num capacete para transmitir o ataque em direto.

O tiroteio motivou também uma nova discussão sobre o aumento das teorias da conspiração baseadas na supremacia branca, que Gendron promovia, especialmente da teoria da substituição, uma teoria da conspiração com adeptos na extrema-direita norte-americana que fala de uma substituição da população caucasiana através da entrada de imigrantes ilegais e de casamentos com pessoas negras.

O jovem atirador enfrenta agora várias acusações de crimes de ódio, além de porte e uso ilegais de armas de fogo, e pode mesmo ser condenado à pena de morte. O Departamento de Justiça norte-americana ainda não avançou se vai pedir essa acusação.

Leia Também: O atirador de Buffalo foi formalmente acusado por crimes de ódio