"Vamos implementar as medidas adicionais necessárias e em 2023 não temos dúvidas de que conseguiremos convencer a Comissão (...) de que não há necessidade de suspender fundos", disse o negociador húngaro, Tibor Navracsics, aos jornalistas em Budapeste.
"Ninguém contesta na Comissão Europeia que estamos a ir na direção certa", sublinhou, acrescentando que as medidas já adotadas "lançaram as bases" que irão permitir ao país aceder a todos os fundos.
Usando uma metáfora desportiva, Tibor Navracsics, ministro húngaro responsável pelos fundos europeus, comparou a situação "a um 'sprint' de 100 metros".
"Os húngaros correram 90 metros", afirmou o representante, esperando que "a corrida esteja realmente terminada aos 100 metros" e que as regras não mudem.
Para Gergely Gulyas, chefe de gabinete do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, trata-se de dissipar os "mal-entendidos" que permanecem "em alguns pontos".
Várias organizações não-governamentais (ONG) congratularam-se, por sua vez, com a "intransigência" do executivo europeu por optar por permanecer firme face ao líder nacionalista húngaro Viktor Orbán, que acusam de desviar dinheiro da União Europeia (UE) para enriquecer os seus familiares.
Sob pressão do Parlamento Europeu, a Comissão Europeia propôs hoje aos Estados-membros, que têm até 19 de dezembro para decidir, a suspensão de 7,5 mil milhões de fundos de coesão que deveriam ser pagos à Hungria no âmbito do orçamento da UE 2021-2027.
Decidiu também validar o plano de recuperação pós-covid da Hungria (5,8 mil milhões de euros), mas com 27 condições, sem as quais nenhum dinheiro será desembolsado.
O Comité de Helsínquia para a Defesa dos Direitos do Homem congratulou-se com a posição de Bruxelas.
"A Comissão aparentemente percebeu que o Governo húngaro não é um ator credível (...), por isso é extremamente sensato esperar para ver o efeito concreto das medidas tomadas", disse Marta Pardavi, codiretora da organização, em declarações à agência francesa AFP.
A organização Transparência Internacional também reagiu, defendendo que "o Governo húngaro deve agora pagar o preço pelo seu comportamento".
Apesar de admitir que possa vir a ser "difícil para o povo húngaro, a intransigência da Comissão", a organização afirmou que a posição de Bruxelas poderá abrir caminho a verdadeiras reformas no país.
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