A OSCE "foi severamente prejudicada pela agressão russa contra a Ucrânia, que viola os princípios da organização", disse Borrell, durante uma deslocação à cidade polaca de Brzeg (sul), onde visitou um centro de treino para soldados ucranianos.
No entanto, Borrell reconheceu que, mais cedo ou mais tarde, será necessário "reconstruir" a arquitetura de segurança na Europa e para isso será necessária uma organização como a OSCE.
O chefe da diplomacia europeia lembrou ainda que o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, não pôde participar na reunião anual do Conselho Ministerial da OSCE, já que o Governo polaco não autorizou a sua deslocação.
"Ele não pôde ouvir as críticas que todos os membros da organização, sem exceção, dirigiram à Rússia pela guerra na Ucrânia", destacou Borrell.
Questionado sobre as declarações do Presidente dos EUA, Joe Biden, sobre a sua disponibilidade para iniciar conversações com o líder russo, Vladimir Putin, Borrell disse que "é sempre hora" de negociar.
O chefe da diplomacia europeia lembrou que vários líderes já tentaram mediar o conflito da Ucrânia com Putin, mas que todos regressaram com uma mesma resposta: de que a Rússia tem objetivos militares a alcançar.
Borrell acrescentou que Putin provavelmente acreditava que poderia atingir esses objetivos em 15 dias, mas, ao contrário, após meses de guerra, não apenas não os alcançou, mas a Rússia tem vindo a regredir nos seus avanços.
"Putin deveria parar de bombardear a Ucrânia, declarar um cessar-fogo e iniciar negociações de paz", explicou o alto representante para as Relações Externas da UE, que, no Conselho Ministerial da OSCE propôs a criação de um tribunal especial para julgar crimes de guerra russos.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.655 civis mortos e 10.368 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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