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Alemanha pede extradição de extremistas que planeavam golpe de Estado

A Procuradoria-Geral da Alemanha pediu hoje às autoridades italianas e austríacas a extradição de dois dos extremistas alegadamente ligados ao grupo de extrema-direita Cidadãos do Reich, que planeava realizar um golpe de Estado no país.

Alemanha pede extradição de extremistas que planeavam golpe de Estado
Notícias ao Minuto

20:04 - 09/12/22 por Lusa

Mundo Alemanha

Desconhece-se, no entanto, até agora quando poderão estes dois suspeitos, identificados apenas como Maximilian E. e Frank H. e detidos em Itália e na Áustria, respetivamente, comparecer perante os juízes de instrução do processo no Supremo Tribunal Federal de Karlsruhe, no sudoeste da Alemanha.

A decisão de pedir a extradição surge dois dias depois de a própria Procuradoria-Geral alemã ter indicado que os 25 detidos durante uma série de rusgas efetuadas pela polícia em 11 Estados federados eram membros e seguidores de uma "organização terrorista" que pretendia acabar com o Governo alemão.

Dos detidos, 22 foram acusados de pertença a uma organização terrorista que queria derrubar o sistema político da Alemanha e os restantes três enfrentam acusações de cumplicidade. Todos são de nacionalidade alemã, exceto uma cidadã russa, e aguardarão julgamento em prisão preventiva.

A Procuradoria alemã alertou na quarta-feira de que "os membros da associação têm consciência de que este projeto só poderia concretizar-se através de meios militares e violentos contra representantes do Estado, o que incluía cometer homicídios" e indicou que une os acusados "um profundo repúdio das instituições estatais e da ordem democrática livre na Alemanha".

Além disso, identificou ainda os presumíveis cabecilhas como 'Rudiger' e 'Príncipe Heinrich XIII'. Este último, um empresário de 71 anos, é tetraneto de Guilherme II da Alemanha, o último imperador alemão e rei da Prússia, que foi obrigado a abdicar em 1918, após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Segundo as autoridades alemãs, os suspeitos, membros do movimento de extrema-direita 'Reichsbürger' (Cidadãos do Reich), não só negam a legitimidade da atual Constituição e do atual Governo da Alemanha, como defendem, em vez disso, que o Império Alemão, ou Reich, de 1871 ainda existe.

Os conspiradores alegadamente pretendiam instalar Heinrich XIII como chefe do novo Governo do país. Embora a Alemanha tenha abolido qualquer papel formal para a realeza há mais de um século, ele continua a usar o título de "príncipe" por alegadamente descender da antiga casa real de Reuss.

O caso também chamou mais uma vez a atenção para o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), já que uma das suas ex-deputadas, Birgit Malsack-Winkemann, está entre os detidos. Uma juíza de Berlim, fora ela a escolhida para se tornar ministra da Justiça se o golpe fosse bem-sucedido, indicaram os procuradores do ministério público.

Apesar de a liderança do partido ter condenado a conspiração, um dos seus deputados classificou as rusgas como "o maior abuso de poder da história da República Federal da Alemanha".

Petr Bystron, um deputado da AfD eleito pela Baviera, acusou as autoridades alemãs de "intimidação em massa de toda a oposição".

Políticos adversários, entretanto, apelaram para que as ligações do partido AfD ao movimento Cidadãos do Reich sejam investigadas.

Por sua vez, o governador da Baviera, Markus Soeder, declarou hoje que a agência de serviços secretos interna da Alemanha deveria aumentar a sua vigilância à AfD.

Lars Klingbeil, o secretário-geral do Partido Social-Democrata (SPD) do chanceler alemão, Olaf Scholz, acusou a AfD de ser a "plataforma parlamentar da incitação ao ódio e à violência".

Leia Também: Scholz critica presença de ex-deputada em alegada organização terrorista

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