Os governos destes quatro países denunciaram que Castillo está a ser submetido a um tratamento judicial de forma ilegal e pediram para que seja respeitada a "vontade dos cidadãos" expressa nas urnas.
"Os nossos governos pedem a todos os atores envolvidos no processo anterior que priorizem a vontade dos cidadãos manifestada nas urnas", pode ler-se num comunicado conjunto.
Estes países já tinha manifestado a preocupação com a crise desencadeada no Peru desde a detenção do ex-Presidente Pedro Castillo, destituído na quarta-feira pelo Congresso, depois de ter determinado a dissolução deste mesmo órgão e anunciar que formaria um governo de emergia, que governaria por decreto, convocaria uma assembleia constituinte e faria uma reorganização do sistema judicial. Dina Boluarte tomou posse também na quarta-feira como chefe de Estado.
Os quatro países pedem também aos membros das instituições "que se abstenham de inverter a vontade popular expressa com o sufrágio livre" e às autoridades que "respeitem plenamente os direitos humanos do Presidente Pedro Castillo e lhe garantam a proteção judicial".
Castillo publicou uma carta esta segunda-feira desde o local onde se encontra detido, em Lima, onde refere que se considera "sequestrado" e rotulou a Presidente Dina Boluarte de "usurpadora".
Perante esta situação, o ex-presidente afirmou na sua carta que é "incondicionalmente fiel ao mandato popular e constitucional" que afirma exercer "como Presidente" e afirmou que não renunciará às suas "altas e sagradas funções".
A Provedoria do Povo [ombudsman] garantiu esta segunda-feira que as condições onde o ex-Presidente está detido são "adequadas" e que este recebe as visitas que permite.
Em comunicado, este órgão destacou que Castillo recebeu 139 visitas dos seus parentes, parlamentares, líderes sociais, advogados e amigos desde quarta-feira.
Além disso, as autoridades policiais fornecem-lhe alimentação três vezes ao dia, permitindo que os seus familiares imediatos também lhe forneçam alimentação, de forma complementar.
As manifestações no Peru intensificaram-se esta segunda-feira com o bloqueio do aeroporto da segunda maior cidade e cortes de estradas por todo o país num amplo movimento popular e indígena que contesta a elite política de Lima, a capital, tendo já resultado na morte de quatro pessoas.
Os protestos prosseguem apesar do anúncio da nova Presidente de convocar eleições gerais para abril de 2024, ao contrário de 2026 como indicou inicialmente.
No sábado, Boluarte formou um governo "independente e técnico" com Pedro Angulo, um antigo procurador, como primeiro-ministro e declarou o estado de emergência nas zonas onde os protestos e manifestações são mais intensos.
A elite política e a oligarquia de Lima sempre desdenharam Castillo, um professor rural de origem indígena e dirigente sindical sem ligações às elites, sobretudo apoiado pelas regiões andinas desde as eleições presidenciais que venceu por curta margem na segunda volta contra a candidata de extrema-direita Keiko Fujimori, a filha do anterior presidente Alberto Fujimori, condenado em 2009 a 25 anos de prisão, que não cumpriu na totalidade.
Os sindicatos rurais e organizações sociais camponesas e indígenas apelaram no domingo a uma "greve ilimitada" a partir de terça-feira. Em comunicado, a Frente Agrária exigiu a "libertação imediata" de Castillo.
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