"Os Estados Unidos têm experiências no combate ao terrorismo, então [Moçambique] pode aproveitar para melhorar a sua prestação e eliminar essa situação", disse à Lusa Rui Mape, analista e economista do Centro de Integridade Pública (CIP).
Para Rui Mape, a participação do país na cimeira em Washington demonstrou o "interesse dos Estados Unidos em Moçambique", considerando, por isso, que é preciso avaliar até que ponto o país pode "tirar influências" e "benefícios" do evento para conseguir apoios para "acabar com a situação de guerra em Cabo Delgado".
Dércio Alfazema, analista e gestor de programas no Instituto para Democracia Multipartidária (IMD) considerou que a participação de Moçambique na cimeira foi "muito importante" e pode incrementar o apoio prestado pelos Estados Unidos da América no combate ao conflito armado em Cabo Delgado.
Para Alfazema, pesa o facto de o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, ter tido a oportunidade de, na primeira pessoa, explicar a situação do país, num evento que o analista considerou uma "espécie de feira diplomática".
"O Presidente falou pessoalmente, explicou qual é o ponto de situação e esclareceu as dúvidas", frisou Alfazema, reiterando que "valeu a pena Moçambique ter participado" e "ao mais alto nível", com a presença do chefe de Estado.
"A participação de Moçambique não passou despercebida" por se tratar de um país que "está na rota do contexto global devido à sua presença no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas [ONU]", referiu o analista.
A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
Leia Também: PAIGC considera que nova data de eleições guineenses "só peca por tardia"