2022/Setembro. Guerra e crise obrigam Governo e bancos centrais a agir
Os primeiros alarmes já tinham soado, mas 2022 veio confirmar que os anos de inflação baixa ficaram para trás, obrigando bancos centrais e governos a agir, entre os quais o português, adotando pacotes de apoios para famílias e empresas.
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Mundo Revista do ano
A invasão russa à Ucrânia, no final de fevereiro, provocou choques à escala mundial, gerando uma crise energética e inflacionista.
Ainda assim, o crescimento económico em Portugal ao longo do ano fixou-se acima do esperado e o Governo espera mesmo que o país chegue ao final de 2022 com um nível de atividade acima do registado antes da pandemia de covid-19.
Na proposta do Orçamento do Estado para 2022, entregue em abril no parlamento, o Governo previa um crescimento económico de 4,9% este ano, mas o bom desempenho da economia levou a uma revisão em alta em outubro.
Assim, no Orçamento do Estado para 2023, o executivo já estimava uma expansão do PIB de 6,5% este ano, mas o primeiro-ministro disse acreditar que chegue a 6,7%.
Se o crescimento da economia em Portugal deu sinais de resistência, também o aumento dos preços se revelou mais persistente do que o inicialmente esperado, à semelhança do resto da Europa e Estados Unidos, levando várias vezes os responsáveis económicos a rever a previsão de que a inflação já teria atingido o seu pico.
Pela primeira vez em 11 anos, em julho, o Banco Central Europeu (BCE) subiu as taxas de juro, dando inicio a uma série de mais três aumentos que no final do ano totalizaram 250 pontos base, colocando fim ao ciclo de política expansionista e ao dinheiro barato, que terá impacto nas prestações do crédito bancário, mas também nos juros dos países.
Os desafios da inflação e da crise energética levaram o Governo a anunciar vários pacotes de medidas dirigidas às empresas, que incluíram uma linha de crédito de 600 milhões de euros ou o alargamento de apoios a indústrias de consumo intensivo de gás.
Estas medidas foram reforçadas pela intervenção de 3.000 milhões de euros nos mercados de eletricidade e de gás natural, dirigidos às empresas.
Entre as medidas para apoiar famílias contaram-se também os apoios extraordinários de 125 euros para pessoas com rendimentos anuais brutos até 37.800 euros e o de 50 euros por dependentes até aos 24 anos, assim como o complemento excecional a pensionistas no valor de 50% da pensão mensal.
No final do ano, o executivo aprovou ainda um apoio extraordinário de 240 euros dirigido a famílias que recebem prestações mínimas ou que beneficiem da tarifa social da energia, que se soma ao apoio de 60 euros pagos em abril e julho a estas famílias.
O Governo limitou ainda a 2% o aumento máximo das rendas, reduziu para 6% o IVA da eletricidade para consumos até 100 kWh/mês e permitiu a transição para o mercado regulado do gás.
Por outro lado, a inflação deu uma ajuda às receitas fiscais do Estado e o Governo estima oficialmente para este ano um défice de 1,9% do PIB, ainda que o primeiro-ministro já tenha indicado que "não ultrapassará seguramente 1,5%".
Outros acontecimentos de setembro
No dia 04, o português Diogo Ribeiro sagra-se campeão mundial de juniores nos 50 e 100 metros mariposa e nos 100 livres, em Lima, Peru.
O Governo aprova, no dia 05, um pacote de apoios às famílias para mitigar o impacto do aumento do custo de vida no rendimento, no valor global de 2.400 milhões de euros. O Governo anuncia também a redução de 13% para 6% da taxa do IVA sobre a eletricidade, com o objetivo de entrada em vigor até 01 de outubro.
A ministra Liz Truss vence a eleição interna para a liderança do Partido Conservador, sucedendo a Boris Johnson como primeira-ministra no Reino Unido.
A Rainha Isabel II morre aos 96 anos no Castelo de Balmoral, na Escócia, após mais de 70 anos do mais longo reinado da história do Reino Unido. Após a morte da monarca, o seu filho primogénito assume aos 73 anos as funções de rei como Carlos III.
O eurodeputado do PS Manuel Pizarro é nomeado, no dia 09, ministro da Saúde, substituindo Marta Temido.
Carlos III é proclamado oficialmente Rei do Reino Unido, em 10 de setembro, numa cerimónia realizada no palácio de St. James, em Londres.
Na sua tomada de posse, no dia 15, o chefe de Estado de Angola, João Lourenço, promete "ser o Presidente de todos os angolanos" e promover o desenvolvimento económico e o bem-estar da população.
O médico Fernando Araújo, presidente do Centro Hospitalar Universitário de São João desde abril de 2019, é anunciado, no dia 23, novo diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
No dia 26 de setembro, o cardeal português José Tolentino Mendonça é nomeado pelo Papa Francisco prefeito do novo Dicastério para a Cultura e a Educação, que tem a tutela da rede escolar católica do mundo inteiro, com 1.360 universidades católicas e 487 universidades e faculdades eclesiásticas.
Em São Tomé e Príncipe, a Ação Democrática Independente (ADI, oposição), liderada pelo ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada, vence as eleições legislativas.
E em Londres, o valor da libra esterlina desce face ao dólar norte-americano para o nível mais baixo desde 1971, depois de o ministro das Finanças britânico ter admitido mais cortes fiscais além dos anunciados uma semana antes.
No dia 27, o partido de extrema-direita Irmãos de Itália (FdI), de Giorgia Meloni, vence as eleições com 26% dos votos. A coligação que lidera, com a Liga, de Matteo Salvini e a Força Itália, de Silvio Berlusconi, obteve uma maioria clara no parlamento.
No último dia do mês, 30 de setembro, o Presidente russo, Vladimir Putin, assina, em Moscovo, os tratados de anexação das regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, apesar da condenação internacional. A Ucrânia formaliza um pedido de adesão acelerada à NATO.
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