Países Baixos. Primeiro-ministro deverá pedir desculpa por escravatura

O primeiro-ministro neerlandês Mark Rutte deverá, esta segunda-feira, dar um discurso onde pedirá desculpa pelo papel histórico dos Países Baixos no mundo da escravatura e as suas consequência na atualidade.

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© Niall Carson/PA Images via Getty Images

José Miguel Pires
19/12/2022 11:05 ‧ 19/12/2022 por José Miguel Pires

Mundo

Escravatura

Os Países Baixos desempenharam, historicamente, um papel de relevo no mundo da escravatura e do tráfico de escravos, e o seu atual primeiro-ministro, Mark Rutte, não deverá esquecer esse detalhe no discurso que vai dar esta segunda-feira.

Segundo a Reuters, aliás, Rutte deverá mesmo pedir desculpas, neste discurso, pelo papel dos Países Baixos neste mundo e pelas consequências que o mesmo tem na atualidade.

Nem todos estão, no entanto, satisfeitos com esta perspetiva. "São necessários dois para dançar o tango - as desculpas devem ser recebidas por alguém", disse Roy Kaikusi Groenberg, da Fundação de Honra e Recuperação, uma organização afro-surinamesa neerlandesa, que considerou errado que ativistas descendentes de escravos, que, argumenta, têm lutado durante anos para mudar a discussão nacional sobre o assunto, não tenham sido, alegadamente, suficientemente consultados.

"A maneira como o governo está a lidar com isto parece um arroto neocolonial", atacou Groenberg.

O pedido de desculpas de Rutte surge numa altura em que os Países Baixos organizam uma série de atividades e ações para discutir o seu passado esclavagista, o que inclui a perspetiva de criação de um fundo educacional de 200 milhões de euros. “Trata-se de um processo em que se fala em recuperação, no sentido de reconhecermos juntos o passado e as consequências no presente, mas não, digamos, salários que não foram pagos”, disse Rutte, afastando a possibilidade de pagar reparações.

Historiadores citados pela Reuters estimam que os comerciantes neerlandeses enviaram mais de meio milhão de africanos escravizados para as Américas, principalmente para o Brasil e as Caraíbas.

Leia Também: EUA. Virgínia retira última estátua pública da Confederação esclavagista

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