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China e Austrália tentam recuperar relação após "dificuldades e reveses"

A China e a Austrália tentaram hoje ultrapassar "dificuldades e reveses" dos últimos anos, como afirmou o chefe da diplomacia chinesa à sua homóloga australiana, para retomar a normalidade de uma relação com 50 anos.

China e Austrália tentam recuperar relação após "dificuldades e reveses"
Notícias ao Minuto

16:36 - 21/12/22 por Lusa

Mundo Tensão

O aniversário foi assinalado com uma visita da ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Penny Wong, à China, a primeira em quatro anos.

"Nos últimos anos, as relações China-Austrália têm enfrentado dificuldades e reveses que não gostámos de ver. Devemos aprender plenamente com estas lições", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, num encontro com Wong.

Wang disse que a Austrália está "há muito na vanguarda das relações da China com os Estados desenvolvidos", segundo um comunicado divulgado pelo seu gabinete e citado pela agência espanhola EFE.

A agência Australian Associated Press (AAP) noticiou que no encontro com o seu homólogo chinês, Penny Wong levantou questões que vão desde o comércio e os direitos humanos à segurança regional e internacional.

"Continuamos a considerar que somos capazes de aumentar a nossa relação bilateral e defender os nossos respetivos interesses nacionais se navegarmos sabiamente pelas nossas diferenças", disse Wong, citada pela AAP.

Wong acrescentou que os dois ministros concordaram em realizar mais discussões.

A reunião decorreu no âmbito do Sexto Diálogo Estratégico entre a China e Austrália.

Os dois países têm tido vários desacordos nos últimos anos, incluindo a exclusão em 2018, por motivos de segurança, das empresas chinesas Huawei e ZTE da participação na rede 5G da Austrália.

As relações também se deterioraram com questões como a militarização da China e a aprovação pela Austrália de leis contra a interferência estrangeira e a espionagem.

Essas leis foram aprovadas na sequência de relatos de donativos chineses a políticos e ciberataques a agências governamentais e universidades, atribuídas pela Austrália a Pequim.

A China respondeu impondo direitos aduaneiros às importações de vários produtos australianos, um dos pontos mais sensíveis para Camberra.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China disse que a reunião entre Wang Yi e Penny Wong foi "outra importante interação de alto nível entre os dois países recentemente".

A visita de Wong suscitou esperanças de novas conversações sobre o fim das restrições à importação impostas por Pequim e a possível libertação de dois cidadãos australianos detidos na China.

Wong disse que continuará a defender os australianos detidos na China, sem dar pormenores.

A viagem de Wong constituiu uma tentativa de descongelamento das relações, depois de o primeiro-ministro australiano, o trabalhista Anthony Albanese, ter vencido as eleições em maio, e substituído o conservador Scott Morrison na chefia do governo federal.

Albanese já se tinha reunido com o Presidente chinês, Xi Jinping, em novembro, à margem da cimeira do grupo das economias mais desenvolvidas do mundo (G20), realizada na ilha indonésia de Bali.

Numa mensagem enviada hoje a Albanese, Xi disse que atribui "grande importância" à relação entre os dois países, baseada no "respeito mútuo", segundo a agência oficial chinesa Xinhua.

A Austrália estabeleceu relações diplomáticas com a República da China em 1941, que cortou na sequência do derrube do governo nacionalista pelo Partido Comunista Chinês, em 1949.

As relações só foram restabelecidas em 1972, depois de a ONU ter reconhecido o regime de Pequim como o único representante da China, em detrimento de Taiwan, onde se tinha refugiado o governo nacionalista.

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