O comunicado conjunto é assinado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos Estados Unidos, Austrália, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Países Baixos, Noruega, Espanha e Reino Unido, além da União Europeia (UE).
Estas nações condenaram "fortemente" a nova política dos talibãs de proibir a entrada de mulheres nas universidades, divulgada esta terça-feira, um novo passo depois de vetar o acesso de raparigas ao ensino secundário.
"Apoiamos as exigências das mulheres afegãs pelo exercício dos direitos humanos de acordo com as obrigações do Afeganistão sob o direito internacional. Com esta decisão, os talibãs estão a isolar-se ainda mais da população afegã e da comunidade internacional", alertaram.
Durante os últimos 16 meses, em que os talibãs assumiram o poder no Afeganistão após a retirada das tropas dos EUA, o regime emitiu pelo menos 16 decretos que restringem os direitos das mulheres, denunciaram ainda.
Os países deram como exemplo a proibição de trabalhar e utilizar espaços públicos, bem como a obrigatoriedade de cobrir-se da cabeça aos pés.
"Estas políticas deixam claro o desrespeito dos talibãs pelos direitos humanos e liberdades fundamentais do povo do Afeganistão", realçaram.
Os aliados ocidentais enfatizaram que o Afeganistão precisa "urgentemente" da participação das mulheres na economia e na sociedade para que o país seja "viável e pacífico".
"Exigimos que os talibãs abandonem imediatamente as novas medidas opressivas em relação à educação universitária para mulheres", concluíram.
Também o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, condenou a medida imposta pelo regime talibã e exigiu a anulação da decisão, considerando tratar-se de "mais um golpe terrível e cruel aos direitos das mulheres e raparigas afegãs", bem como "um revés profundamente lamentável para todo o Afeganistão".
A decisão de Cabul também foi condenada pela Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), que congrega 57 países, que, num comunicado, afirmou-se "consternada" e pediu às autoridades talibãs a revogação da medida.
Em Bruxelas, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, na sua conta na rede social Twitter, já tinha classificado hoje como um "crime contra a humanidade" a proibição pelo regime afegão talibã do acesso de mulheres à universidade.
Ainda na terça-feira, a ONU e os Estados Unidos também condenaram a decisão do regime talibã, com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a mostrar-se "profundamente alarmado", tendo pedido a Cabul para "assegurar a igualdade de acesso à educação a todos os níveis".
O regime talibã do Afeganistão voltou ao poder no país em agosto de 2021, prometendo mudanças. No entanto, estão a repetir o seu comportamento no regime anterior, entre 1996 e 2001, em que, baseados numa interpretação rígida do Islão e do seu rígido código social conhecido como Pashtunwali, proibiam a frequência feminina nas escolas e prendiam as mulheres em casa.
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