O grupo composto por "ativistas sociais, raparigas e estudantes" gritava palavras de ordem como: "ou todos ou ninguém" e "queremos igualdade de oportunidades educativas", durante o protesto em Cabul "contra a cruel decisão do governo talibã".
A organizadora da marcha de protesto, Basira Hussaini, disse à agência de notícias espanhola Efe, que a ação terminou abruptamente porque as "forças de segurança talibãs e os polícias dispersaram a manifestação de forma violenta" tendo torturado e detido algumas das participantes.
O protesto ocorreu um dia depois de as autoridades talibãs terem decretado oficialmente a proibição do ensino universitário às estudantes afegãs.
Na quarta-feira, as mulheres foram impedidas de entrar nos estabelecimentos de ensino universitário.
A proibição decretada pelos fundamentalistas, condenada por vários países e organizações internacionais, incluiu-se na vasta lista de restrições contra as mulheres, tais como impostos sobre o acesso ao ensino secundário, segregação no uso dos espaços públicos, além da obrigação do véu islâmico.
Entretanto, a Turquia e a Arábia Saudita tornaram-se os últimos países de maioria muçulmana a condenarem a decisão das autoridades talibãs contra as mulheres afegãs.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia Mevlut Cavusoglu disse que a proibição não é "nem islâmica nem humana".
Numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo do Iémen, Cavusoglu apelou aos talibãs para reconsiderarem a decisão.
"Qual é o mal da educação das mulheres? Que mal faz ao Afeganistão"? disse Cavusoglu. "Haverá uma explicação islâmica? Pelo contrário, a nossa religião, o Islão, não é contra a educação, pelo contrário, encoraja a educação e a ciência", acrescentou o chefe da diplomacia turca.
A Arábia Saudita, que até 2019 impôs restrições generalizadas às mulheres sobre viagens, acesso ao mercado de trabalho e a outros aspetos cruciais da vida quotidiana, incluindo a condução automóvel, também exortou os talibãs a mudarem a decisão.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita expressou "espanto e pesar" pelo facto de ser negada às mulheres afegãs uma educação universitária.
Anteriormente, o Qatar, que mantém ligações com as autoridades talibãs, também condenou a decisão.
Num outro sinal de oposição interna, vários jogadores de críquete afegãos condenaram a proibição do acesso à universidade pelas mulheres do Afeganistão.
O críquete é um desporto extremamente popular no Afeganistão e os jogadores têm centenas de milhares de seguidores nas redes sociais.
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