O governo de Kyiv anunciou, esta segunda-feira, que está disposto a iniciar negociações de paz, com o objetivo de organizar uma cimeira no final de fevereiro.
Numa entrevista à agência norte-americana Associated Press, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, afirmou que a Ucrânia quer fazer tudo para vencer a guerra contra a invasão russa, mas manifestou esperança que a diplomacia possa desempenhar um papel importante na paz.
"Qualquer guerra termina de forma diplomática. Qualquer guerra termina por consequência dos resultados no campo de batalha e na mesa de negociações", começou por dizer Kuleba.
O ministro disse que o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, podia fazer parte dessas negociações como mediador e apelou à Organização das Nações Unidas para a organização de um local que acolha os países em conflito.
"As Nações Unidas podem ser o melhor local para organizar esta cimeira, porque não se trata de fazer um favor a um determinado país. Isto tem mesmo de abranger toda a gente", disse Dmytro Kuleba.
Sobre António Guterres, o governante ucraniano vincou que o português "provou ser um eficiente mediador e um eficiente negociador e, acima de tudo, um homem de princípio e integridade". "Portanto acolheríamos a sua participação ativa", disse.
No entanto, Dmytro Kuleba deixou claro que uma das condições para serem iniciadas as negociações é a Rússia ser julgada por crimes de guerra. "Eles dizem regularmente que estão prontos para negociações, o que não é verdade, porque tudo o que fazem no campo de batalha demonstra o contrário", afirmou o ministro ucraniano.
Na entrevista, o principal diplomata ucraniano revelou também estar "muito satisfeito" com a visita de Volodymyr Zelensky aos Estados Unidos, que consolidou ainda mais o apoio de Washington D.C. à Ucrânia, com os EUA a incluírem os mísseis Patriot num pacote de apoio de 1,8 mil milhões de dólares a Kyiv.
Kuleba avançou que os mísseis demoram um ano a ficar operacionais, devido ao seu forte potencial bélico e treino especial, mas o governo norte-americano terá garantido que a primeira vaga de mísseis ficará disponível e, menos de seis meses.
O conflito na Ucrânia já fez quase 6.800 mortos civis, segundo os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. No entanto, a entidade adverte que o real número de mortos poderá ser muito superior, devido às dificuldades em contabilizar os mortos em zonas sitiadas ou ocupadas pelos russos, como em Mariupol, por exemplo, onde se estima que tenham morrido milhares de pessoas.
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