As forças sudanesas travaram na terça-feira o recrutamento de ex-militares e combatentes sudaneses, por entidades ainda não identificadas pelas autoridades, e que alegadamente iriam perpetrar um golpe de Estado na vizinha RCA.
Segundo a agência noticiosa oficial do Sudão, SUNA, uma força conjunta do apoio rápido e do exército sudanês foi destacada para a fronteira "a fim de assegurar a linha fronteiriça entre os dois Estados", disse hoje o comandante Abshir Jibril.
Jibril afirmou que as missões da força incluem o combate a "fenómenos negativos como o tráfico de armas, munições e drogas, contrabando e instabilidades de segurança entre os dois países".
O militar explicou ainda que as forças conjuntas estão distribuídas entre posições específicas na fronteira entre o Sudão e a RCA e defendeu que o seu destacamento não vai afetar os cidadãos, mas sim "contribuir para manter a segurança na área e a estabilidade de ambos os países".
Nas medidas que adotaram, incluem-se a proibição de circulação de motociclos e automóveis todo-o-terreno, a verificação da identidade e destinos dos cidadãos que atravessam a fronteira, em coordenação com a RCA, e uma proibição do uso de uniformes militares por civis.
A 03 de janeiro, o vice-presidente do Conselho Soberano do Sudão, Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido por "Hemedti", afirmou que "algumas entidades recrutaram forças de todas as tribos [sudanesas] juntamente com ex-militares e forneceram-lhes uniformes completos das Forças de Apoio Rápido [milícias sudanesas]" para implementar um plano para mudar o sistema de Governo na RCA.
Esta é a primeira vez que um responsável sudanês revela uma tentativa de golpe de Estado para mudar o regime da RCA do território sudanês.
O atual Presidente centro-africano, Faustin Archange Touadéra, chegou ao poder nas eleições de 2016 e foi reeleito nas eleições de 2020, que a oposição pediu para anular por não terem sido abertas mais de 40 % das mesas de voto devido à insegurança.
Pouco antes dessa votação, vários grupos armados juntaram-se para formar a Coligação de Patriotas para a Mudança, que tentou tomar posse da capital centro-africana, Bangui, em janeiro de 2021.
Em outubro de 2021, o Presidente declarou um cessar-fogo unilateral com o objetivo de facilitar um diálogo nacional. Apesar deste progresso, dois terços do país - rico em diamantes, urânio e ouro - ainda são controlados por milícias e, segundo a Organização das Nações Unidas, cerca de 700.000 pessoas estão deslocadas internamente.
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