Milhares de curdos voltaram este sábado a protestar pelas ruas de Paris provenientes de várias cidades na Europa, para pedir justiça pelos homicídios de três mulheres curdas, em 2013, e pelos ataques contra um centro cultural curdo, em dezembro do ano passado.
A marcha deste sábado decorre quase dez anos depois da morte de três ativistas, Sakine Cansiz, Fidan Dogan e Leyla Saylemez, que foram assassinadas a 9 de janeiro de 2013, num ataque que até hoje não foi resolvido.
Em Paris, milhares de pessoas marcharam perto da estação Gare do Nord, no coração da capital francesa.
Segundo a Associated Press, chegaram a Paris dezenas de autocarros com cidadãos curdos, provenientes de outras cidades na Alemanha, nos Países Baixos, na Suíça e na Bélgica.
O protesto surge também pouco tempo depois de um ataque a um centro cultural curdo, no passado dia 23 de dezembro. O ataque com uma arma branca foi levado a cabo por homem francês, acusado em outros incidentes com motivações racistas, que admitiu ter um "ódio patológico" a pessoas oriundas de fora do país, especialmente do Médio Oriente e Norte de África.
Morreram três pessoas no ataque, que despoletou protestos violentos entre a comunidade e a polícia francesa no dia seguinte.
Os protestos têm também uma nuance política, relativa às relações hostis entre a Turquia e o povo do Curdistão, especialmente com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, cujas bandeiras tem sido hasteadas nas manifestações em Paris.
Na Turquia, no Iraque e na Síria, a minoria curda tem sido uma das mais afetadas pela guerra na fronteira entre os vários países e pela presença do Estado Islâmico, e o governo turco, aliás, continua a suprimir os direitos da comunidade curda no país, por considerar o PKK como uma organização terrorista. No contexto da NATO, o presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, tem dito que só aprovará a adesão da Finlândia e da Suécia se estes países também passarem a considerar o PKK terrorista.
Sobre as mortes em 2013, os ativistas curdos acreditam que os serviços secretos turcos estiveram envolvidos nos assassinatos, especialmente porque uma das vítimas, Sakine Cansiz, foi uma das fundadora do PKK. O principal suspeito, de nacionalidade turca, morreu antes do caso chegar a julgamento.
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