"A desinformação e a manipulação têm de parar", reclamou o responsável da ONU, considerando "chocantes" as cenas que se desenrolaram domingo no Brasil, quando milhares de apoiantes do ex-presidente, Jair Bolsonaro, "invadiram e vandalizaram" as sedes do Congresso, Supremo Tribunal Federal e Palácio Presidencial.
Esta violência foi "o culminar da contínua distorção dos factos e do incitamento à violência e ao ódio por parte de agentes políticos, sociais e económicos que têm alimentado uma atmosfera de desconfiança, divisão e destruição, rejeitando o resultado das eleições democráticas", escreveu num comunicado.
Volker Türk defendeu que aceitar o resultado de eleições "livres, justas e transparentes está no centro dos princípios democráticos fundamentais" e exortou "os líderes de todo o espetro político brasileiro" a cooperarem e trabalharem para restaurar a confiança nas instituições democráticas e promover o diálogo.
O Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos pediu ainda "investigações rápidas, imparciais, eficazes e transparentes" sobre o que aconteceu e condenou "a crescente agressão física contra jornalistas num contexto de elevados níveis de violência política", referindo que pelo menos oito jornalistas foram atacados ou tiveram o seu equipamento destruído.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, tinha já antes juntado a sua voz aos muitos líderes mundiais que condenaram os acontecimentos no Brasil, considerando que "os brasileiros estarão à altura da situação" e defendendo que deve haver consequências.
Apoiantes do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro invadiram e vandalizaram no domingo as sedes do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto, em Brasília, obrigando à intervenção policial para repor a ordem e suscitando a condenação da comunidade internacional.
A Polícia Militar conseguiu recuperar o controlo das sedes dos três poderes, numa operação de que resultaram pelo menos 300 detidos.
A invasão começou depois de militantes da extrema-direita brasileira apoiantes do anterior presidente, derrotado por Lula da Silva nas eleições de outubro passado, terem convocado um protesto para a Esplanada dos Ministérios.
Entretanto, o juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes afastou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, por 90 dias, considerando que tanto o governador como o ex-secretário de Segurança e antigo ministro da Justiça de Bolsonaro Anderson Torres terão atuado com negligência e omissão.
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