Kyiv denuncia plano russo de nacionalização de bens em Kherson

As autoridades ucranianas acusaram hoje as forças russas de estarem a preparar nacionalizações de bens na região ocupada de Kherson e a mobilizarem a população masculina do território de Lugansk, onde prosseguem "combates ferozes".

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Lusa
12/01/2023 20:03 ‧ 12/01/2023 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

No seu relatório noturno de hoje, o Estado-Maior das Forças Armadas ucranianas disse ter dados de que a administração russa no território provisoriamente ocupado de Kherson anunciou um "inventário de bens móveis e imóveis de empresários privados", alegadamente para preparar uma nacionalização dessas propriedades.

As autoridades ucranianas denunciaram ainda que as forças comandadas por Moscovo estão com falta de efetivos e estão a proceder à "mobilização da população masculina" do território temporariamente ocupado de Lugansk.

De acordo com as autoridades ucranianas, na passada segunda-feira Moscovo anunciou o início da próxima onda de mobilização na cidade de Alchevsk, na região de Lugansk.

O Estado Maior ucraniano anunciou ainda que as forças russas estão a concentrar esforços para tomar a região de Donetsk e as lutas mais duras continuam na região de Bakhmut.

No seu relatório noturno, o Estado-Maior ucraniano reconheceu a dificuldade em conter os avanços russos na região de Donetsk e acrescentou que as forças comandadas por Moscovo insistem em tentar avançar em direção a Bakhmut, onde ocorrem "combates ferozes".

As autoridades ucranianas dizem ainda que o inimigo está a desenvolver "operações mal sucedidas" na região de Avdeevsky e que procura consolidar posições na região de Kupyansky e Limansky.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, prometeu hoje o fornecimento rápido e ininterrupto de munições às forças que estão a resistir às investidas russas em Soledar em Bakhmut, no leste da Ucrânia.

"Destaco que as unidades que estão a defender estas cidades serão abastecidas com munições e tudo o necessário pronta e ininterruptamente", escreveu o líder ucraniano, acrescentando que foi igualmente discutido o reforço de envio de armamento dos parceiros de Kyiv.

Anteriormente, o grupo paramilitar russo Wagner tinha anunciado a conquista da cidade, que tinha cerca de 10.000 habitantes antes da guerra, mas a informação não foi confirmada oficialmente por nenhuma das partes beligerantes.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.952 civis mortos e 11.144 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: Governador de Kherson denuncia ataques russos com munições incendiárias

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