O júri começou hoje a ouvir as declarações iniciais da Procuradoria dos Estados Unidos e dos advogados do grupo extremista de direita que em 06 de janeiro de 2021 se juntou à multidão violenta de apoiantes de Donald Trump no ataque ao Capitólio, numa tentativa de reverter a confirmação da vitória presidencial de Joe Biden.
Enrique Tarrio e outros quatro membros dos Proud Boys - Ethan Nordean, Joseph Biggs, Zachary Rehl e Dominic Pezzola - lideraram um ataque coordenado ao "coração da Democracia" norte-americana, numa tentativa desesperada de manter Donald Trump na Casa Branca, disse o procurador federal Jason McCullough na abertura do julgamento.
McCullough afirmou que a organização neofascista sabia que as esperanças de Trump para um segundo mandato estavam a desaparecer rapidamente com a aproximação do 06 de janeiro, pelo que os líderes do grupo reuniram uma "força de combate" para impedir a transferência do poder Presidencial para Joe Biden.
Tarrio viu a Presidência de Biden como uma "ameaça à existência dos Proud Boys", argumentou o procurador.
McCullough mostrou ainda ao júri um vídeo de Trump a dizer aos Proud Boys para "ficarem para trás e aguardarem" durante o seu primeiro debate com Biden em 2020, um momento que levou a uma explosão de interessados no grupo.
"Esses homens não recuaram. Eles não ficaram parados. Em vez disso, eles se mobilizaram", declarou o procurador.
Os líderes do Proud Boys recrutaram novos membros "para ajudá-los a atingir os seus objetivos", avaliou McCullough. Já em 06 de janeiro de 2021, membros da organização reuniram-se num local pré-combinado e avançaram rumo ao Capitólio.
Os cinco membros dos Proud Boys são agora julgados por conspiração sediciosa, o mesmo crime pelo qual dois líderes da organização de extrema-direita Oath Keepers foram condenados há algumas semanas, pelo seu envolvimento na invasão do Capitólio.
Eles também são acusados ??de agredir e obstruir o trabalho das forças de segurança, obstruir um procedimento do Governo e de destruir o património público.
Os cinco acusados declararam-se inocentes e os seus advogados defenderão que não conspiraram para impedir a passagem do poder após a derrota de Donald Trump nas eleições de 2020.
A defesa argumenta ainda que o perfil do grupo fez de Tarrio um alvo para as autoridades em busca de um bode expiatório para o motim.
O caso tornou-se um dos mais importantes a emergir da invasão de 06 de janeiro, pela qual o Departamento de Justiça norte-americano acusou quase 1.000 pessoas no país por essa mortal insurreição, que resultou na morte de cinco pessoas e em mais de 140 polícias feridos.
O julgamento fornecerá uma análise aprofundada de um grupo que se tornou uma força influente na política Republicana emergente.
Leia Também: 'Hackers' pró-Rússia executaram ciberataque que paralisou Royal Mail