Jovem que morreu após teleconsultas "deveria ter sido atendido em pessoa"
David Nash, de 26 anos, morreu após uma série de consultas telefónicas com o Serviço Nacional de Saúde britânico. Há quem defenda que deveria ser atendido em pessoa.
© Vuk Valcic/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
Mundo NHS
Naquela que viria a ser a última de várias consultas por telefone com técnicos do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês), uma enfermeira disse a David Nash, de 26 anos, que "parecia estar a sentir pena de si mesmo, um pouco podre". Dois dias depois, o jovem estudante de Direito morreu com uma infeção grave no ouvido que causou um abcesso no cérebro.
Nash teve um total de quatro consultas por telefone entre outubro e novembro de 2020. A sua condição piorou a 2 de novembro, acabando por ser levado para o hospital, mas já foi tarde de mais.
A legista assistente Abigail Combes leu uma declaração no inquérito consequente em Wakefield, assinada pelo especialista em clínica geral Alastair Bint, que argumentou que uma enfermeira deveria ter marcado uma consulta urgente de internamento após essa última consulta por telefone.
O especialista concluiu que a consulta de Nash com a enfermeira Lynne White, a 2 de novembro, deveria ter resultado numa consulta presencial. A febre, rigidez de nuca e dores de cabeça noturnas que o paciente apresentava na altura eram "sinais vermelhos" e o diagnóstico da enfermeira de um vírus semelhante à gripe "não era seguro", considerou ainda, rematando: "Este era um paciente que precisava ser visto pessoalmente."
No seu depoimento, Lynne White revelou que numa dessas consultas disse ao jovem estudante: "Parece que está a sentir um pouco de pena de si mesmo, está a sentir-se um pouco podre."
A enfermeira insistiu que estava simplesmente a refletir que o paciente parecia indisposto, afastando qualquer hipótese de ter desvalorizado as suas queixas.
O relatório de Bint reforçou o forte impacto que a pandemia da Covid-19 teve no NHS, sendo que, naquela altura, o conselho era que os pacientes fossem tratados remotamente na maioria dos casos.
Nash morreu a 4 de novembro de 2020, apesar dos esforços para salvá-lo na Leeds General Infirmary. Tinha acabado de começar o segundo ano do curso de Direito na Universidade de Leeds.
Para já, prossegue a investigação sobre eventual negligência por parte dos elementos do NHS.
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