Peru: Amnistia pede a Espanha que suspenda venda de armas
A Amnistia Internacional pediu hoje a Espanha que suspenda "imediatamente" a venda de armas e material antimotim ao Peru, por considerar que possam servir para reprimir os protestos no país marcados pela morte de várias dezenas de pessoas.
© Reuters
Mundo Peru
Em comunicado, a Amnistia Internacional (AI) alertou o Governo espanhol de que existe um alto risco de que as forças armadas peruanas e a polícia utilizem equipamento de controlo antimotim, armas ligeiras e munições para cometer "graves violações dos direitos humanos".
Por isso, a organização não-governamental (ONG) pediu a Madrid que suspenda "imediatamente" qualquer nova autorização de venda ou expedição para o Peru deste tipo de material.
A secção espanhola da AI solicitou a suspensão destas exportações em carta enviada à secretária de Estado do Comércio, Xiana Margarida Méndez, também presidente do Conselho Interministerial que regula a venda de armas.
Desde o início dos protestos no território peruano, a 07 de dezembro, a Amnistia documentou operações "muito preocupantes" que tinham como objetivo a repressão de manifestações, em cidades por todo o país, e lembrou que, nos últimos anos, a Espanha tem sido, entre os países da União Europeia (UE), o principal fornecedor de armas ao Peru.
A ONG estima que Espanha tenha autorizado a venda de armamento no valor de 184 milhões de euros para o Peru entre 2017 e junho de 2022, incluindo cerca de 40 milhões de euros em material de controlo antimotim.
Na carta enviada às autoridades espanholas, a AI solicita ainda que as autorizações de vendas de equipamento desse tipo ainda não executadas sejam travadas, em conformidade com o Tratado do Comércio de Armas, que obriga a não autorizar as exportações quando exista um risco substancial de utilização para cometer ou facilitar violações graves dos direitos humanos.
Os protestos contra o atual Governo e o Congresso peruanos duram há semanas sobretudo nas principais cidades do país, como Lima, La Libertad, Puno, Cuzco, Iça, Arequipa e Lambayeque, e os manifestantes exigem agora também a punição dos responsáveis policiais e militares envolvidos na repressão dos protestos.
Os manifestantes reivindicam a demissão da Presidente Dina Boluarte, que assumiu o cargo após a destituição do ex-Presidente Pedro Castillo, a dissolução do Congresso e a convocação de eleições, além da libertação do ex-chefe de Estado.
Acusado de tentar executar um golpe de Estado ao anunciar a dissolução do Congresso, Castillo foi condenado a 18 meses de prisão preventiva.
Até ao momento, pelo menos 54 pessoas, incluindo um polícia, foram mortas durante os protestos, que registaram uma pausa no Natal para serem retomados nos primeiros dias de janeiro.
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