Muito popular nas redes sociais nos Camarões, Shakiro foi detida em fevereiro de 2021 em Douala, a capital económica do país, antes de ser considerado culpada de "tentativa de homossexualidade".
A transgénero foi condenada a cinco anos de prisão em maio de 2021 num julgamento de primeira instância: a pena mais pesada prevista pela legislação camaronesa contra práticas homossexuais.
Antes de ter sido libertada sob fiança em meados de julho de 2021, Shakiro apresentou um recurso da sentença.
Em agosto de 2021, foi vítima de "um ataque de grande brutalidade" cometido por "um grupo violento" na companhia de outra mulher trans em Douala, denunciou a organização não-governamental Human Rights Watch (HRW).
"Os agressores retiraram-nos à força de um táxi, insultaram-nos e ameaçaram-nos de morte, e espancaram-nos durante cerca de 30 minutos antes de fugirem quando os agentes da polícia chegaram", divulgou então a HRW, apelando às autoridades camaronesas para "revogar a lei contra a homossexualidade".
Shakiro saiu do país para a vizinha Nigéria logo após o ataque, disse à agência France-Presse, Alexandre Marcel, presidente do comité Idaho France, uma associação para ajudar pessoas LGBT (lésbicas, 'gays', bissexuais e transgénero), saudando um "percurso de combate".
"Obteve asilo na Bélgica e trocou Lagos por Bruxelas com a maior discrição", confirmou a sua advogada, Alice Nkom, contactada pela agência noticiosa.
Foi da Nigéria que "obteve um visto humanitário" para viajar para a Bélgica, acrescentou Marcel.
Instadas a comentar o processo em curso, as autoridades camaronesas não responderam de imediato, mas Alice Nkom confirmou que a sua cliente ainda aguarda o resultado do seu julgamento perante o Tribunal de Recurso de Douala.
A homossexualidade é duramente reprimida nos Camarões, onde a lei prevê penas de seis meses a cinco anos de prisão e multa até 200.000 francos cfa (304 euros) para quem tiver relações sexuais com uma pessoa do mesmo sexo.
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