Alto-comissário da ONU "chocado" com destruição após visita à Ucrânia

O Alto-comissário da ONU para os Refugiados admitiu hoje estar chocado com a destruição causada pela guerra na Ucrânia, no final de uma visita de seis dias ao país, e pediu aos doadores que continuem a dar apoio.

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© Spencer Platt/Getty Images

Lusa
27/01/2023 14:50 ‧ 27/01/2023 por Lusa

Mundo

Filippo Grandi

"Fiquei chocado com o nível de destruição que vi como resultado dos mísseis e bombardeamentos russos", disse Filippo Grandi no final da sua visita, a terceira ao país desde o início da invasão russa, em fevereiro do ano passado.

"Muitas infraestruturas civis, como centrais de energia, sistemas de abastecimento de água, jardins de infância e edifícios de apartamentos foram danificadas ou destruídas e muitos civis, incluindo crianças e idosos, foram mortos ou fugiram das suas casas, tendo as suas vidas sido completamente arrasadas por ataques sem sentido", afirmou o responsável do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), em comunicado hoje divulgado.

Segundo Grandi que percorreu, durante seis dias, o sul e leste do país, encontrando-se com civis e responsáveis das regiões administrativas de Odessa, Mykolaiv, Zaporijia, Dnipro, Kharkiv e Kiev, as necessidades humanitárias continuam agudas na Ucrânia, sendo necessário que o financiamento seja mantido e até aumentado.

O Alto-comissário encontrou-se ainda com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, com o vice-primeiro-ministro Oleksandr Kubrakov e com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba.

Filippo Grandi sublinhou que, além da destruição, também testemunhou as reparações e reconstruções que estão a ser realizadas pelas autoridades e pelos cidadãos ucranianos.

"Embora os edifícios tenham sido destruídos, o espírito do povo ucraniano permanece intacto", afirmou.

"Sinto-me muito inspirado pela força e resiliência [dos ucranianos]. Cabe a todos nós -- a comunidade internacional -- apoiá-los enquanto levam a cabo a sua recuperação pelo que apelo aos Estados, instituições financeiras internacionais e outros para que contribuam para esta tarefa -- e rapidamente", disse.

Para facilitar o processo, o ACNUR lançou, em conjunto com o Governo ucraniano, uma plataforma digital designada como "Ucrânia é um Lar" -- que visa ser um ponto de encontro entre oferta e procura de ajuda para reparações e reconstrução de casas.

"O objetivo é fornecer um sistema transparente e eficiente de ajuda humanitária, recuperação e desenvolvimento do setor privado e de outros parceiros para reunir fundos e apoio material para ajudar as pessoas, incluindo refugiados e deslocados internos, a voltarem para casa", explicou a agência da ONU.

No entanto, Grandi alertou que as necessidades humanitárias continuam a ser profundas, especialmente nas regiões que se situam na linha da frente dos combates.

"O financiamento humanitário deve, portanto, ser sustentado e expandido. Isso é fundamental para estabilizar as populações e permitir que as pessoas afetadas pela guerra contribuam para a recuperação do país e da economia", argumentou.

"Os doadores -- Governos, empresas e particulares -- foram incrivelmente generosos no ano passado. Isto deve ser mantido se quisermos dar às pessoas o apoio de que precisam urgentemente hoje e no próximo ano", concluiu.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento, segundo a ONU.

Leia Também: Guerra? Borrell pede que África do Sul use boas relações com a Rússia

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