A situação atual do processo é confusa, pois o Governo canadiano apresentou-se na sexta-feira passada como mediador, mas dias depois as autoridades camaronesas rejeitaram qualquer envolvimento de Otava nas negociações com os separatistas.
Neste cenário, a ONG apela ao Governo camaronês "a renovar o seu compromisso com o processo canadiano", uma vez que "as mortes, a ilegalidade, a destruição e a impunidade prevalecentes nas zonas de conflito apenas geraram mais violência e insegurança".
"A este respeito, a solidariedade do Governo dos Camarões com o processo canadiano é vital", acrescentou o grupo, através de uma declaração na sua página da internet.
A ministra dos Negócios Estrangeiros canadiana, Mélanie Joly, não comentou exatamente a recusa do Governo camaronês, mas afirmou que as partes em conflito já tinham realizado três reuniões em Ontário e no Quebeque.
"O Governo camaronês abordou-nos e também convidámos um representante da ONU a estar presente durante a mediação", disse Mélanie Joly na terça-feira.
As regiões anglófonas dos Camarões (noroeste e sudoeste) foram abaladas pelo conflito, após a repressão dos movimentos separatistas depois da autoproclamação da independência de Ambazonia, em 01 de outubro de 2017.
No ano anterior, esta área - outrora parte das colónias britânicas em África, mas que decidiram juntar-se aos Camarões franceses - foi palco de protestos pacíficos exigindo maior autonomia ou independência com base na discriminação por parte das autoridades centrais, inclusive em questões linguísticas.
Desde então, os grupos armados proliferaram e o apoio aos separatistas anteriormente marginalizados tem crescido. O Governo reagiu com uma dura repressão, durante a qual as organizações de direitos humanos acusaram as forças de segurança de cometerem atrocidades.
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