"Neste momento, estamos a sobrevoar o Saara. Tenhamos um pensamento silencioso, uma oração por todos aqueles que, procurando um pouco de bem-estar e liberdade, atravesSaaram (o deserto) mas não conseguiram sobreviver", disse o pontífice em italiano, depois de saudar os jornalistas que o acompanhavam a bordo.
O papa argentino apelou igualmente a que os fiéis orem por "todas as pessoas sofredoras que chegam ao Mediterrâneo depois de atravessarem o deserto, são apanhadas em 'läger' e aí sofrem", usando uma palavra alemã para campos de concentração.
O chefe da Igreja Católica, fervoroso defensor dos direitos dos refugiados, comparou já por diversas vezes os campos de migrantes aos campos de concentração da Segunda Guerra, assim como tem denunciado reiteradamente as milhares de mortes que fizeram do Mediterrâneo "o maior cemitério do mundo".
O Papa Francisco chegou hoje Kinshasa, na primeira etapa de uma viagem de sete dias que o levará também ao Sudão do Sul.
A 40ª viagem internacional de Francisco, de 86 anos, que se antevê como particularmente desafiante devido aos seus problemas de mobilidade, esteve agendada para julho do ano passado, mas uma dor no joelho provocou o seu adiamento e, desde então, a situação de segurança na região tornou-se mais complicada em ambos os países.
Nos últimos meses, o leste da RDCongo tem sido palco de um recrudescimento da violência, sobretudo na fronteira com o Ruanda, uma zona com subsolo rico em coltan, fundamental para a indústria de equipamentos eletrónicos, e onde existem mais de 100 grupos armados ativos, nomeadamente o Movimento 23 de Março (M23), razão pela qual a visita a Goma, planeada no programa inicial, foi suspensa.
João Paulo II esteve em Goma em 1980 e 1985, quando o país se chamava ainda Zaire, mas a capital da província do Kivu do Norte encontra-se atualmente particularmente vulnerável aos ataques do M23.
Já o Sudão do Sul, o mais jovem país do mundo, independente do Sudão desde 2011, nunca foi visitado por um pontífice.
A viagem de Francisco tem início com a sua chegada a Kinshasa, que irá percorrer de carro desde o aeroporto da capital até ao Palácio da Nação para uma cerimónia de boas-vindas e encontro com o Presidente Felix Tshisekedi, antes de proferir o seu primeiro discurso no país.
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