A Turquia, que já estava a adiar a aprovação da entrada da Suécia e Finlândia na Aliança Atlântica, protestou veementemente as recentes manifestações ocorridas em Estocolmo.
Num dos casos, um ativista anti-islâmico queimou o Alcorão do lado de fora da embaixada turca, enquanto num protesto sem ligação, um boneco que representava o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan foi alvo de uma execução simbólica.
Ancara tem exigido que Estocolmo extradite refugiados curdos que o governo de Erdogan classifica como "terroristas" e que permitia a venda de armas à Turquia.
"Suécia, nem se preocupe. Enquanto permitir que o meu livro sagrado, o Alcorão, seja queimado e rasgado (...) não diremos 'sim' à sua entrada na NATO", vincou num discurso perante deputados do seu partido.
As autoridades suecas distanciaram-se dos protestos e, esta terça-feira, o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, denunciou os ativistas que realizaram manifestações como "idiotas úteis" para potências estrangeiras que querem infligir danos ao país escandinavo enquanto este procura ingressar na NATO.
Kristersson tinha revelado esta terça-feira que manteve contactos nos últimos dias com o secretário-geral da ONU, António Guterres, o Presidente da Finlândia, também candidata à entrada na NATO e primeiro-ministros e políticos de países islâmicos e organizações muçulmanas.
"Nos meus contactos, deixei claro que a liberdade de expressão é uma parte fundamental da democracia sueca. Mas o que é legal nem sempre é adequado", sublinhou.
Mas Erdogan sugeriu esta quarta-feira que a Suécia terá de impedir os protestos de queima do Alcorão.
"Crimes de ódio contra muçulmanos sob o pretexto de liberdade de expressão são inaceitáveis. Esperamos que as crenças de todos os grupos sejam respeitadas e medidas sinceras sejam tomadas na luta contra a islamofobia", sublinhou o chefe de Estado turco à emissora estatal TRT.
Na Finlândia, por outro lado, violar a paz religiosa é punível por lei e profanar um livro considerado sagrado por uma comunidade religiosa provavelmente violaria essa lei. Como resultado, a polícia não permitiu um protesto que envolvesse a queima do Alcorão.
A invasão russa da Ucrânia fez com que a Suécia e a Finlândia encerrassem o seu não-alinhamento militar em 2022 e solicitassem a adesão à NATO.
A adesão dos dois países nórdicos precisa da unanimidade dos atuais 30 Estados-membros Aliança Atlântica.
Os incidentes nas cidades europeias foram denunciados e condenados pelos governos em causa e por outros países ocidentais, mas isso não foi suficiente para travar a indignação da Turquia.
Paquistão, Bangladesh, Afeganistão, Omã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Qatar e Kuwait também expressaram a sua condenação de tais atos.
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