Tiba Ali, que vivia na Turquia e estava sob a ameaça da família, visitou o Iraque e foi morta pelo pai na quarta-feira, segundo a AI, que citou os meios de comunicação locais.
"Até as autoridades iraquianas adotarem uma legislação forte para proteger as mulheres e raparigas da violência baseada no género, continuaremos inevitavelmente a assistir a assassinatos horríveis como o que Tiba Ali sofreu às mãos do seu próprio pai", disse a responsável regional da AI, Aya Majzoub, num comunicado citado pela agência espanhola EFE.
A notícia da morte da bloguista iraquiana suscitou uma série de comentários nas redes sociais, sob a 'hashtag' "Exigimos os direitos de Tiba", a condenar o que foi considerado como um homicídio de honra e a apelar para que o autor do crime seja responsabilizado.
"O Iraque não conseguiu criminalizar a violência doméstica, apesar do aumento das denúncias de incidentes de violência doméstica por parte de ONG [organizações não-governamentais] nacionais", disse Aya Majzoub, vice-diretora do Programa Regional do Médio Oriente e Norte de África da AI.
"Surpreendentemente, o Código Penal iraquiano continua a tratar os chamados 'crimes de honra', que incluem atos violentos como agressões e até assassinatos, com clemência", acrescentou.
Um projeto de lei sobre violência doméstica foi apresentado e debatido no parlamento iraquiano em 2019 e 2020, mas não avançou desde então.
Em 2020, as agências das Nações Unidas no Iraque manifestaram a sua preocupação com o aumento do número de casos de violência doméstica durante a pandemia.
"O assassinato de Tiba Ali deve ser investigado, o perpetrador levado à justiça e a sentença deve ser proporcional à gravidade deste terrível crime, sem recorrer à pena de morte", disse ainda Majzoub.
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