Acordo de exportação de cereais decorre como o previsto mas "não é fácil"

O acordo de exportação de cereais a partir dos portos do sul da Ucrânia "está a correr como previsto", tendo sido transportados já cerca de 18 milhões de toneladas de alimentos, apesar das dificuldades levantadas em reuniões constantes.

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Lusa
04/02/2023 07:00 ‧ 04/02/2023 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

"Não é um acordo fácil, estamos a falar de dois países em guerra, países que temos de colocar sentados numa mesa e ter acordos todos os dias para que os movimentos marítimos possam continuar", disse em entrevista à Lusa o porta-voz do Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) na Ucrânia, Saviano Abreu.

Em 19 de agosto do ano passado, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, visitou o porto de Odessa, para assistir ao primeiro embarque de cereais retidos na Ucrânia devido ao bloqueio da frota russa no Mar Negro, desde o início da invasão das forças de Moscovo da Ucrânia.

A chamada a Iniciativa do Mar Negro para os Cereais foi assinada em 22 de julho em Istambul, envolvendo a Rússia, a Ucrânia, dois dos maiores exportadores mundiais, as Nações Unidas e a Turquia.

"Foi um grande avanço", recordou o funcionário brasileiro da ONU, referindo-se a um legado do líder da ONU, ao "conseguir que a Rússia e a Ucrânia chegassem a esse tipo de acordo nesta guerra tão cruel e que está a afetar todo o mundo", mas também à importância da Turquia para que o entendimento prossiga.

Desde agosto, cerca de 18 milhões de toneladas cereais já foram transportados por via marítima a partir da Ucrânia, o que "é importante para os pequenos agricultores ucranianos, que dependem destas exportações "para sobreviver na economia do país que já está tão afetada pela guerra", e para o resto do mundo e prevenir o risco de fome em vários países.

Os números estão em linha com o programado, segundo o porta-voz da ONU, recordando que "é um acordo que tem um fundo humanitário importante, mas também um acordo baseado nos interesses comerciais" e que "garante que o sistema comercial de exportação de fertilizantes, de grãos, de comida vá continuar nos parâmetros que existiam antes e não vá afetar o mercado mundial".

Na sua visita a Odessa, António Guterres pediu que, além da libertação de cereais e fertilizantes produzidos na Ucrânia, fosse permitido o acesso ao mercado global de alimentos russos fora de sanções e voltou ao assunto em declarações à Lusa em 05 de janeiro: "Continuamos também empenhados em resolver os problemas da exportação de adubos e cereais russos de que a comunidade internacional também precisa".

O acordo não foi ainda alcançado, mas, de acordo com Saviano Abreu, é um dos pontos que se mantém em cima da mesa e que a Rússia continua a exigir, com o envolvimento da ONU e da Turquia: "Não só porque a Rússia também requer isso para que o acordo continue, mas também pela dependência mundial dos seus fertilizantes".

Sem entrar em detalhes, por se tratar de "acordos delicados, complicados, em que é melhor evitar qualquer especulação e evitar problemas nas negociações", o porta-voz destacou que o tema não está esquecido e "é uma parte importante" das discussões para a próxima extensão do entendimento.

Leia Também: Bucha, Mariupol e Kherson, três cidades que marcaram um brasileiro da ONU

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