No seu segundo e penúltimo dia em África, Francisco pediu que as mulheres e as meninas sejam respeitadas, protegidas e homenageadas, durante um encontro na capital do Sudão do Sul, Juba, com cerca de dois milhões de pessoas que foram forçadas a fugir das suas casas por causa dos combates e das cheias.
"Por favor, protejam, respeitem, apreciem e honrem cada mulher, cada menina, jovem, mãe e avó. Caso contrário, não haverá futuro", disse o papa.
O papa realçou que as mulheres são a chave para o desenvolvimento pacífico do Sudão do Sul, mas precisam das oportunidades certas.
O encontro foi um dos destaques da visita de três dias de Francisco ao país mais jovem do mundo e um dos mais pobres. Acompanhado pelo arcebispo de Canterbury, Justin Welby, e pelo chefe presbiteriano da Igreja da Escócia, Francisco está a desenvolver uma peregrinação ecuménica histórica para chamar a atenção global para a situação do país e encorajar o seu processo de paz.
O objetivo da visita ecuménica é encorajar os líderes políticos do Sudão do Sul a desenvolver um acordo de paz de 2018 que ponha fim a uma guerra civil que eclodiu depois que o país predominantemente cristão conquistou a independência do Sudão, de maioria muçulmana, em 2011.
Ao chegar na sexta-feira, Francisco emitiu um aviso contundente ao presidente Salva Kiir e ao seu ex-rival e agora deputado Riek Machar de que a história os julgará severamente se continuarem a atrasar a implementação do acordo de paz.
Kiir, por sua vez, comprometeu o Governo a regressar às negociações de paz -- suspensas no ano passado -- com grupos que não assinaram o acordo de 2018. Na sexta-feira, o presidente católico concedeu perdões presidenciais a 71 presos na prisão central de Juba em homenagem à peregrinação ecuménica, incluindo 36 no corredor da morte, depois de Francisco ter sustentado que a pena capital é inadmissível em todas as circunstâncias.
De acordo com a UNICEF, cerca de 75% das meninas no Sudão do Sul não vão à escola, porque os pais preferem mantê-las em casa e prepará-las para um casamento que trará um dote à família.
Metade das mulheres do Sudão do Sul casa antes dos 18 anos e enfrenta a maior taxa de mortalidade materna do mundo. A Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas no Sudão do Sul disse, num relatório no ano passado, que, no geral, as mulheres e as meninas vivem uma "existência infernal" no país.
"Mulheres sul-sudanesas são agredidas fisicamente enquanto são estupradas sob a mira de uma arma, normalmente mantidas por homens enquanto são abusadas por outros. Elas são instruídas a não resistir e a não relatar o que aconteceu, ou serão mortas", é descrito no relatório.
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