"Há um consenso sobre este ponto", afirmou Olaf Scholz ao semanário Bild am Sonntag, sobre a decisão dos aliados da Ucrânia de fornecer tanques e foguetes de longo alcance.
Na quinta-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que "os tanques alemães estão a ameaçar novamente" a Rússia, estabelecendo um paralelo entre a operação militar russa na Ucrânia e a guerra contra as forças nazis, no 80.º aniversário da vitória soviética sobre os exércitos de Hitler em Estalinegrado.
"As palavras [de Putin] fazem parte de uma série de comparações históricas absurdas que utiliza para justificar o ataque à Ucrânia", comentou Olaf Scholz, ao Bild.
"Mas não há justificação para esta guerra", salientou o líder alemão.
"Juntamente com os nossos aliados, estamos a fornecer tanques à Ucrânia para que este país se possa defender. Pesámos cuidadosamente cada entrega de armas, em estreita coordenação com os nossos aliados, a começar pela América. Esta abordagem conjunta torna possível evitar uma escalada da guerra", afirmou.
Os aliados da Ucrânia comprometeram-se a fornecer "entre 120 e 140" tanques, de fabrico ocidental, de vários países. A Alemanha vai vai entregar 14 tanques Leopard 2. Portugal vai ceder às Forças Armadas ucranianas tanques Leopard 2, anunciou o primeiro-ministro, António Costa, sem adiantar quantos.
"Estamos neste momento a trabalhar para podermos ter condições de dispensar alguns dos nossos tanques. Sei quantos tanques serão [enviados para a Ucrânia], mas isso será anunciado no momento próprio", disse.
Além dos tanques, a Ucrânia vai também receber foguetes GLSDB (Ground Launched Small Diameter Bomb), que poderiam quase duplicar o alcance da força de ataque ucraniana, anunciou o Pentágono, na sexta-feira.
Estes mísseis podem atingir um alvo a 150 quilómetros de distância, ameaçando assim as posições russas atrás das linhas da frente.
Questionado pelo Bild sobre possíveis ameaças de Putin, Olaf Scholz afirmou que, durante as conversas telefónicas mantidas com o Presidente russo desde o início do conflito, a 24 de fevereiro de 2022, Putin não fez ameaças diretas ao líder alemão ou à Alemanha.
O antigo primeiro-ministro britânico Boris Johnson afirmou, num documentário, ter sido ameaçado pelo Presidente russo, que mencionou o lançamento de míssil. O Kremlin negou as alegações.
A invasão russa, justificada por Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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