Com a aproximação do 44.º aniversário da Revolução Islâmica de fevereiro de 1979, um dos principais opositores do país, o ex-primeiro-ministro Mir Hossein Moussavi, pediu uma "mudança fundamental" no sistema político, que considera enfrentar uma "crise de legitimidade".
"O que é evidente hoje é o descontentamento generalizado", disse o ex-presidente Mohammad Khatami, num comunicado divulgado hoje, no qual assinala esperar que "métodos civis não violentos" possam "forçar o Estado a mudar a abordagem e iniciar reformas".
Por seu lado, Hossein Moussavi sublinha que "o Irão e os iranianos precisam e estão prontos para uma mudança fundamental, cujas principais diretrizes são traçadas pelo movimento Women-Life-Freedom".
Refere-se, assim, ao principal 'slogan' das manifestações organizadas após a morte, em 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma jovem curda iraniana de 22 anos detida pela chamada "polícia da moralidade", por alegadamente usar o lenço islâmico fora dos padrões exigidos.
De acordo com o ex-líder iraniano, o movimento de protesto ocorreu num contexto de "crises interdependentes" que são "económicas, ambientais, sociais, de legitimidade, culturais e mediáticas".
Hossein Moussavi propõe que seja organizado um "referendo livre e justo sobre a elaboração ou não de uma nova constituição", porque a atual "estrutura" do sistema é "insustentável".
Candidato presidencial em 2009, Moussavi assumiu a liderança no protesto contra a reeleição do presidente cessante, Mahmoud Ahmadinejad, denunciando fraudes em larga escala.
Agora com 80 anos, o ex-primeiro-ministro de 1981 a 1989 está em prisão domiciliária em Teerão há 12 anos com a mulher, Zahra Rahnavard, sem ter sido acusado.
Tal como na "Revolução Popular de 1979", "a população tem direito a revisões fundamentais para [...] abrir caminho à liberdade, à justiça, à democracia e ao desenvolvimento" do Irão, acrescentou no comunicado de imprensa.
Por sua vez, Mohammad Khatami, 79 anos, lamenta que "não haja sinal da vontade do poder em reformar e evitar erros".
Presidente de 1997 a 2005, lamenta que a população esteja "desesperada devido ao sistema em vigor".
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