"Alerto o Governo para o facto de termos eleições em vista, já muito proximamente e de que era conveniente não assumir compromissos sem ter em atenção que temos um calendário eleitoral e que pode haver um novo Governo e uma nova administração do TIMOR GAP e do setor", afirmou José Ramos-Horta à Lusa.
"Qualquer consulta tem de ser exploratória, sem assumir compromissos definitivos, deixando isso para o próximo Governo", afirmou.
Ramos-Horta reagia depois do consórcio do projeto do Greater Sunrise, no Mar de Timor, ter anunciado que vai comparar as opções de um gasoduto para Timor-Leste ou para a Austrália e identificar o mais benéfico para os timorenses.
"Os estudos incluirão a avaliação de qual opção proporciona o benefício mais significativo para o povo de Timor-Leste. O consórcio tem como objetivo completar o programa de seleção de conceito rapidamente, dado os benefícios que poderiam fluir do desenvolvimento dos campos Sunrise", referiu o comunicado.
A nota de imprensa, enviada à Lusa, surge depois de uma nova ronda de diálogo das três empresas que integram o consórcio do Greater Sunrise, a timorense TIMOR GAP (56,56%), a Operadora Woodside Energy (33,44%) e a Osaka Gas Australia (10%).
Esta declaração foi a primeira vez que as três empresas admitem em conjunto a possibilidade do gasoduto ir para Timor-Leste, sendo que até aqui a Woodside se tem mostrado contra essa opção, defendendo a de um gasoduto para Darwin.
José Ramos-Horta considera a decisão "uma demonstração de boa-fé" da administração da Woodside e dos restantes parceiros, que se mostram disponíveis "para encontrar uma opção tecnicamente fiável, e ao mesmo tempo que seja comercialmente a melhor".
"Vamos então ouvir, ler e estudar, todas as opções postas na mesa, desde a parte técnica, custos da parte técnica, o gasoduto, e tudo o que deriva do projeto em Timor-Leste", afirmou, referindo-se ao "clima de confiança" criado pela responsável pela Woodside.
Questionado sobre se Timor-Leste aceitará um gasoduto para Darwin, se os estudos considerarem essa solução a melhor, Ramos-Horta inverteu o cenário hipotético.
"E se o estudo indicar que a opção mais viável do ponto de vista técnico e comercial é vir para Timor? Só a parte de custos na Austrália é mais elevada dos que os custos em Timor-Leste, em mão de obra e impostos, por exemplo. As leis australianas são também muito rigorosas agora em relação a desfavorecem energias não renováveis", comentou.
Na nota conjunto divulgada hoje, o consórcio "afirma conjuntamente o seu compromisso de empreender um programa de seleção do conceito de desenvolvimento dos campos do Greater Sunrise", informaram as empresas no comunicado.
"O consórcio analisará todas as questões-chave para a canalização do gás, para processamento e venda de GNL [gás natural liquefeito], para Timor-Leste em comparação com a canalização do gás para a Austrália", sublinhou a nota informativa.
As três empresas explicam que as análises comparativas "incorporarão e atualizarão os trabalhos anteriores utilizando as mais recentes tecnologias e estimativas de custos, considerando também os benefícios socioeconómicos, capacitantes, de segurança, ambientais, estratégicos e de segurança das várias opções".
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