"Decerto que houve lacunas, é impossível estar preparado para um desastre desta dimensão", declarou o chefe de Estado, que se deslocou à província de Hatay (sul), uma das mais atingidas e junto à fronteira com a Síria.
O atual balanço na Turquia aponta para 9.000 mortos retirados dos escombros desde segunda-feira, para além das 2.662 vítimas mortais na Síria.
"Algumas pessoas desonestas e sem vergonha publicaram falsas declarações como 'não vimos soldados nem polícias'" na província de Hatay, denunciou Erdogan.
"Os nossos soldados e os nossos polícias são gente honrada. Não deixaremos que pessoas pouco recomendáveis se refiram a eles desta forma", invetivou.
O presidente turco afirmou que 21.000 membros do pessoal dos serviços de socorro foram deslocados apenas para a província de Hatay.
"Ao atuarmos desta forma, daremos uma resposta ao desastre de forma a não deixarmos ninguém sob as ruínas nem ninguém a sofrer", prometeu, a menos de quatro meses das eleições presidenciais.
Nos escombros dos edifícios de uma dezena de cidades do sul e do sudeste da Turquia, devastadas pelo sismo de magnitude 7,8 que também atingiu o norte da Síria, os sobreviventes que aguardam ajuda criticaram vivamente o governo turco, e em particular Erdogan, no poder desde 2003, ao referirem estarem "abandonados" no frio.
Na sequência das crescentes críticas face à atuação das autoridades, o Twitter ficou hoje incessível nos principais fornecedores de telemóveis turcos. O organismo de supervisão da internet netblocks.org sublinhou que o acesso ao Twitter estava limitado "através de diversos fornecedores de acesso internet na Turquia".
"A Turquia tem uma longa história de restrições das redes sociais durante urgências nacionais e incidentes de segurança", acrescentou o organismo.
A polícia turca deteve 12 pessoas após o sismo de segunda-feira por publicações, nas redes sociais, que criticavam a forma como o governo estava a gerir a catástrofe.
As redes sociais turcas estão repletas de mensagens de pessoas que se queixam da ausência de organizações de socorro e de operações de busca às vítimas nas suas zonas, em particular na província de Hatay.
Os responsáveis turcos não reagiram no imediato às perturbações do serviço.
No entanto, advertiram por diversas vezes contra a divulgação da desinformação antes das eleições cruciais de 14 de maio, onde Erdogan procura uma nova reeleição.
Os socorristas conseguiram ainda hoje detetar sobreviventes nos escombros, mesmo que as hipóteses de sobrevivência estejam a diminuir, dois dias após o violento sismo e cujo balanço continua a agravar-se com pelo menos 11.700 mortos na Turquia e Síria.
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