Os organizadores da condecoração destacaram a coragem política demonstrada por Angela Merkel quando a Alemanha acolheu refugiados, em 2015-2016, que fugiram dos conflitos na Síria, Iraque, Afeganistão e Eritreia.
O vencedor do Prémio Nobel da Paz, Denis Mukwege, presidente do júri que concedeu o prémio, elogiou Merkel por ter aberto as portas da Alemanha "ao mesmo tempo que muitos outros países foram dominados pelo medo".
"[Angela Merkel] Mostrou à opinião pública e aos decisores que não devemos apenas defender os nossos próprios direitos, mas os dos outros em tempos de crise, que cada sociedade precisa mais do que nunca respeitar e proteger os direitos humanos sem qualquer forma de discriminação", defendeu
"Parabenizamos a sua humanidade, o seu espírito de solidariedade, o seu aguçado senso de ética e a sua liderança inspiradora", acrescentou.
Ao aceitar o Prémio da Paz 'Félix Houphouët-Boigny', Angela Merkel, no seu discurso, referiu a atual crise de refugiados, particularmente a decorrente da guerra na Ucrânia.
"Pensávamos que o tempo de guerra na Europa havia passado", disse Merkel, "mas desde 24 de fevereiro do ano passado, quando ocorreu a cruel agressão da Rússia à Ucrânia, chegamos à triste conclusão de que não é o caso. Isso abalou a Europa nas suas raízes".
Merkel, de 68 anos, que liderou a Alemanha durante 16 anos, manteve um perfil discreto desde que entregou o cargo ao sucessor Olaf Scholz em dezembro de 2021.
Entre algumas outras aparições, Merkel aceitou um prémio da agência de refugiados da ONU e fez um discurso em homenagem à ex-chefe de uma academia científica nacional, na qual mencionou a flora intestinal e a resistência a antibióticos.
O Prémio da Paz 'Félix Houphouët-Boigny' refere o nome do primeiro presidente da Costa do Marfim após a independência da França em 1960.
O prémio foi entregue hoje a Angela a Merkel em Yamoussoukro, capital da Costa do Marfim e cidade natal do falecido Houphouët-Boigny.
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