AIEA alerta que situação à volta da central de Zaporijia é "muito frágil"
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, alertou hoje que a situação em redor da central nuclear ucraniana de Zaporijia, controlada pelas forças russas desde março, continua "muito frágil".
© Reuters
Mundo Zaporijia
"Infelizmente, a situação continua muito frágil e instável", advertiu Grossi, após uma reunião com o diretor-geral da agência atómica russa Rosatom, Alexey Likhachev.
O responsável pela agência nuclear das Nações Unidas detalhou que deveria ter ocorrido hoje uma rotação de funcionários da AIEA naquela central, mas que isso não ocorreu.
"Um grupo devia ter saído da central e um outro devia ter entrado. Infelizmente tivemos que adiar a troca, devido à situação que se vive na região, as fortes explosões", detalhou Grossi, citado pela agência de notícias RIA Nóvosti.
Já o diretor-geral da Rosatom manifestou a sua confiança na criação "muito urgente" de uma zona de segurança em torno da maior central nuclear da Europa.
"Apesar do clima altamente politizado em torno do assunto, a agência mantém a sua postura profissional e procura uma solução real para o problema. Valorizamos muito a presença de especialistas da AIEA na central", garantiu Likhachev.
A agência atómica russa adiantou que Likhachev informou Grossi sobre "as medidas que o lado russo está a tomar" para a segurança da central e as "confortáveis condições de vida" da sua equipa, bem como dos seus familiares.
O funcionamento da central nuclear continua a ser garantido graças a técnicos ucranianos aos quais a Rússia ofereceu novos contratos, adicionando-os a uma corporação gerida pela Rosatom, após a anexação de Zaporijia pela Rússia em setembro de 2022, considerada ilegal pela Ucrânia e os aliados ocidentais.
A central tem sido alvo de bombardeamentos periódicos, pelos quais Moscovo e Kiev são mutuamente responsáveis.
A AIEA propôs a criação de uma zona desmilitarizada em torno da central nuclear, onde a agência da ONU estabeleceu uma presença permanente já no ano passado, mas ainda não houve acordo entre as partes.
O diretor-geral da AIEA esteve pela última vez em Moscovo em dezembro de 2022, quando se reuniu com Likhachov.
Em janeiro, Grossi viajou para Kiev, onde se reuniu com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para discutir a situação de segurança em Zaporijia e o envio de missões da AIEA para outras centrais nucleares do país.
Todos os seis reatores da central permanecem desligados e dois continuam em modo de encerramento a quente, para fornecer vapor e calor às instalações e à cidade vizinha de Energodar.
A central também continua a receber a eletricidade externa necessária para as funções essenciais de segurança.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.155 civis mortos e 11.662 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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