Saara Ocidental. Governo prioriza diplomacia sem esquecer aspeto militar
O Presidente da República Árabe Sarauí Democrática (RASD), Brahim Ghali, reeleito em janeiro no congresso da Frente Polisário (FP), nomeou um novo governo que privilegia a diplomacia, sem esquecer o aspeto militar, disse hoje à agência Lusa fonte oficial.
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Mundo Arábia
Segundo uma nota oficial enviada hoje à Lusa, Ghali reconduziu Bucharaya Hemudi Beyun como primeiro-ministro e nomeou como chefe da diplomacia sarauí Mohamed Sidati, porta-voz do recente congresso da Polisário, realizado em janeiro passado e em que o movimento de libertação decidiu pôr cobro ao cessar-fogo que vigorava no Saara Ocidental desde 1991 e regressar à luta armada contra Marrocos, acusado de ocupar a antiga colónia espanhola em 1975.
Em declarações à Lusa, o representante da Polisário em Portugal, Omar Mih, salientou que Ghali, Presidente da RASD e, por inerência de funções, secretário-geral do movimento de libertação, teve a preocupação de formar, apesar de tudo, um Governo "não militarizado".
"Não é um governo militarizado, mas um governo que tem de responder às exigências da atual situação, tanto a nível político, mas também militar, social e diplomático", afirmou Omar Mih.
Sobre o primeiro-ministro, economista de formação, Omar Mih realçou que foi reconduzido pela terceira vez no cargo, tendo desempenhado na Polisário outras funções no passado, como as de governador da 'wilaya' (província) de Smara e de representante do movimento em Espanha e na Argélia.
A diplomacia, uma das "apostas fortes" do novo executivo da RASD, tal como referiu Mih, recaiu em Mohamed Sidati, que foi porta-voz do último congresso da Polisário, que no passado foi representante do movimento em França, União Europeia (UE) e África do Sul.
"Há uma forte aposta na diplomacia, sobretudo na Europa, em África e na América Latina, como atesta a nomeação de Mohamed Sidati. O objetivo da Polisário continua a ser conseguir que a ONU aplique o Direito Internacional e o Acordo de Paz de 1991, que foi o único aceite pelas duas partes e, por unanimidade, pelo Conselho de Segurança. A diplomacia mantém-se como uma tarefa indispensável", frisou Mih.
Salientando que o novo executivo tem menos elementos, agora 20, do que o anterior, Omar Mih destacou a presença de três mulheres à frente de ministérios, com destaque para a da importante pasta do Interior.
Por outro lado, dos novos cinco governadores dos acampamentos de refugiados nomeados por Ghali, três são mulheres.
Marrocos, para quem o referendo de autodeterminação para o Saara Ocidental é um assunto já fora de questão, defende e tem promovido a proposta de atribuir uma maior autonomia ao território, o que é rejeitado liminarmente pela Frente Polisário.
A antiga colónia espanhola é considerada como um "território não autónomo" pela ONU, embora Rabat tenha o controlo de quase 80% deste território quase desértico de 266.000 quilómetros quadrados.
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