A Comissão Europeia desistiu dos seus planos para sancionar o sector nuclear russo, bem como os seus representantes, no seu próximo pacote de sanções, reporta o Politico, esta quinta-feira.
Recorde-se que a Comissão Europeia tinha, anteriormente, prometido aos países-membros que tentaria elaborar sanções contra o sector nuclear civil da Rússia. Além do mais, na reunião de líderes do bloco europeu que decorreu na semana passada, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tinha pedido a aplicação de sanções, pelo menos, contra empresa russa de energia nuclear Rosatom.
Porém, de acordo com três diplomatas citados pelo Politico, o plano inicial da Comissão Europeia acabou por não seguir em frente. "Infelizmente o sector nuclear não está incluído nesta proposta", explicou um deles.
Na proposta acedida pelo Politico, dividida em múltiplas partes, estão descritas medidas como: novas regras que visam sectores específicos, tais como a aviação ou o militar; e listagens que impõem restrições à atribuição de vistos e o congelamento de bens a indivíduos e empresas. Porém, não há qualquer referência ao setor nuclear.
Recorde-se que a Hungria tem-se mostrado contra a imposição de sanções ao setor nuclear russo, pelo facto de estar altamente dependente da Rosatom. Porém, para ultrapassar um potencial veto da Hungria, a UE tinha considerado a possibilidade de colocar trabalhadores individuais da Rosatom e de outras empresas na lista de sancionados - algo que, no entanto, acabou por não acontecer.
"A Hungria não deixa passar a medida, uma vez que a sua central nuclear é propriedade da Rosatom e dizem que a mesma produz 50% do fornecimento de energia do país. Mas as sanções contra indivíduos (que não o CEO) não devem ter impacto na segurança energética", argumentou uma segunda fonte, um diplomata sénior da UE.
Também França tinha expressado, anteriormente, que era preciso ter prudência relativamente a tal possibilidade. Um funcionário do Ministério da Economia francês destacou, em declarações aos repórteres no início da semana, que "muitas centrais nucleares utilizam combustível da energia russa".
Desde o princípio da invasão, a 24 de fevereiro, os países da NATO e da União Europeia apressaram-se a disponibilizar apoio financeiro, militar e humanitário para ajudar o país a fazer face à investida da Rússia. O país invasor, por sua vez, foi alvo de pacotes de sanções consecutivos (e concertados) aplicados pelos parceiros de Kyiv.
A guerra na Ucrânia tirou já a vida a mais de sete mil civis, com outros 11 mil a terem ficado feridos, segundo os cálculos da Organização das Nações Unidas (ONU).
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