Blinken volta a ameaçar Pequim sobre eventual envio de armas à Rússia

O secretário de Estados norte-americano, Antony Blinken, ameaçou esta segunda-feira a República Popular da China com o degradar de relações com "muitos países" caso venha a fornecer armas à Rússia.

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Lusa
20/02/2023 10:58 ‧ 20/02/2023 por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

"Preocupa-nos que a China esteja a considerar o esforço bélico da Rússia na Ucrânia com ajuda letal, é algo que estamos a acompanhar muito, muito de perto", disse esta segunda-feira o chefe da diplomacia norte-americana em Ancara.

As declarações de Blinken foram proferidas junto ao homólogo turco, Mevlut Cavusoglu. 

"Não vou concretizar as (eventuais) consequências", acrescentou Blinken que já tinha demonstrado a posição de Washington, no sábado passado, ao diretor da Comissão de Negócios Estrangeiros do Partido Comunista da República Popular da China, Wang Yi.

A advertência comunicada a Wang Yi ocorreu à margem da Conferência de Segurança de Munique, Alemanha.  

"Creio que a China compreende o risco que pode correr se prestar este tipo de apoio material à Rússia", sublinhou Blinken. 

O secretário de Estado norte-americano disse que "pelos contactos" estabelecidos junto de "muitas capitais, a China pode ver deteriorada a relação que mantém com muitos países".

"Isto (abastecimento bélico) pode vir a transformar-se num verdadeiro problema para a China - nas relações com muitos outros países e não apenas com os Estados Unidos - Assim, esperamos e desejamos que se abstenham de seguir esse caminho", concluiu o chefe da diplomacia norte-americana. 

Blinken também recordou que o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já comunicou em 2022, ao líder da República Popular da China, Xi Jinping, sobre as consequências caso Pequim venha a fornecer armamento à Rússia ou se vier a auxiliar Moscovo a contornar as sanções internacionais.

Em relação a armamento, a Rússia já adquiriu aparelhos aéreos não tripulados (drones) ao regime do Irão.

Pouco antes das declarações de Blinken hoje na Turquia, o Governo de Pequim negava estar a ponderar fornecer armamento à Rússia para uso na ofensiva contra a Ucrânia dirigindo críticas diretas a Washington.

"Não aceitamos que os Estados Unidos apontem o dedo à relações entre a China e a Rússia e muito menos que exerçam pressão e coação", disse hoje o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim.

Wang Wenbin acusou ainda os Estados Unidos de estar "a divulgar informações falsas".  

"Quem não cessa de fornecer armas ao campo de batalha são os Estados Unidos, não a China. Os Estados Unidos não estão qualificados para dar ordens à China e nunca aceitaremos que os Estados Unidos ditem ou imponham a forma como devem ser as relações sino-russas", disse ainda o mesmo porta-voz. 

Entretanto, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos anunciou a disponibilidade de Washington em fornecer caças F-16 à Turquia mas não forneceu o calendário sobre o assunto.

"A Administração Biden apoia firmemente o processo que visa a modernização dos F-16 existentes com vista ao fornecimento à Turquia", disse Blinken.

A eventual venda de aviões de combate F-16 à Turquia contou com a objeção do Congresso dos Estados Unidos por causa das questões relacionadas com direitos humanos no país assim como pelo bloqueio de Ancara em relação à adesão da Finlândia e da Suécia na Aliança Atlântica. 

Sobre os processos de adesão à NATO, Blinken e Cavusoglu demonstraram divergências tendo o responsável norte-americano referido que os dois países nórdicos já adotaram "medidas concretas" e que, por isso, devem ser admitidos na NATO "o mais rápido possível". 

A Turquia recusa que a Suécia garanta o acolhimento no país a ativistas e simpatizantes curdos que qualifica de "terroristas", nomeadamente membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

Blinken deve ainda reunir-se com o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, depois da deslocação às zonas afetadas pelos sismos que atingiram o sul do território turco e o norte da Síria. 

O chefe da diplomacia norte-americana, anunciou uma ajuda suplementar à Turquia (85 milhões de dólares) destinadas à ajuda humanitária às vítimas dos sismos. 

Leia Também: Pequim nega acusações dos EUA sobre abastecimento de armas à Rússia

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