Irão. UE reforça sanções com 32 pessoas e duas entidades na 'lista negra'
A União Europeia alargou hoje as sanções impostas ao Irão a 32 pessoas e duas entidades do regime envolvidas na repressão interna dos protestos pela morte da jovem Mahsa Amini às mãos da Guarda Revolucionária, em setembro passado.
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Mundo Irão
Trata-se do quinto pacote consecutivo de sanções da UE ao regime teocrático de Teerão desde a degradação da situação no país e, entre os sancionados, encontram-se dois membros do Governo iraniano, os titulares das pastas da Cultura, Mohamed Esmaeili, e da Educação, Yousef Nouri, que acusam, respetivamente, de ameaçar com proibições de viajar e trabalhar músicos e artistas de outras artes que não sigam a linha oficial do executivo, e de doutrinar os estudantes iranianos sobre o que defendem o Governo e o ayatollah Ali Khamenei.
As novas sanções incidem também sobre dirigentes da Guarda Revolucionária Islâmica, altos responsáveis do Ministério de Serviços de Informações e membros do poder judicial envolvidos em julgamentos sumários, condenações à morte e repressão de manifestantes.
As entidades sancionadas são a Fundação para a Cooperação da Força Disciplinar da República Islâmica do Irão, um organismo económico que colabora com esta organização já incluída na lista da UE, bem como o Instituto de Ciências Policiais e Estudos Sociais por fabricar "drones antidistúrbios", que são usados pelas forças policiais para reprimir manifestações pacíficas.
Com esta nova ronda de sanções, a UE aumenta a "lista negra" iraniana para 196 pessoas e 33 entidades às quais impõe o congelamento de bens, a proibição de entrada no espaço comunitário e a proibição de lhes serem disponibilizados quaisquer verbas ou recursos económicos.
Desta forma, os 27 redobram a pressão sobre Teerão, em resposta à espiral de violência do regime que perseguiu os manifestantes, condenou à morte e executou vários desde setembro de 2022.
Os protestos começaram após a morte da jovem curda iraniana de 22 anos Mahsa Amini, que foi, no dia 13 de setembro, detida numa rua de Teerão pela "polícia da moral", responsável por fazer cumprir o rígido código de vestuário imposto às mulheres na República Islâmica.
Amini infringiu o código, porque, apesar de envergar o 'hijab' (véu islâmico), este deixava à vista parte do seu cabelo, e depois de detida acabou por ser transportada já em coma para um hospital, onde morreria três dias depois, originando vários meses de protestos sem precedentes no país desde a Revolução Islâmica, em 1979, que instaurou o atual regime teocrático.
Esta onda de contestação popular tem representado um sério desafio para a República Islâmica, onde os mais recentes protestos tinham ocorrido em 2009, quando o Movimento Ecologista fez sair à rua milhões de pessoas.
Desde 16 de setembro, mais de 500 pessoas foram mortas e mais de 17.400 foram detidas, segundo a organização não-governamental Human Rights Activists in Iran, que tem estado a monitorizar a contestação social.
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