Andrei Pivovarov, condenado a quatro anos de prisão no ano passado, foi transferido de um centro de detenção no sul da Rússia no final de dezembro, e seus aliados, familiares e advogados perderam o contacto com ele três semanas depois e estão desde essa altura, ou seja, há um mês sem saber nada sobre seu paradeiro ou bem-estar.
As transferências de prisões russas são criticadas por levarem muito tempo, às vezes semanas e durante as quais não há acesso aos prisioneiros e as informações sobre o seu paradeiro são escassas. A Amnistia Internacional comparou-as às "práticas do Gulag", num comunicado emitido na semana passada, e disse que a situação de Andrei Pivovarov equivalia a um desaparecimento forçado.
A aliada e companheira de Pivovarov, Tatyana Usmanova, disse hoje que a mãe do político confirmou que ele chegou à colónia penal IK-7 na região noroeste da Rússia da Carélia em 24 de janeiro, e foi acusado de violações não reveladas que supostamente cometeu.
O político de 41 anos não tinha autorização para os seus parentes saberem onde ele estava, disse Usmanova num post no Facebook, nem para fazer ligações ou receber visitas enquanto estivesse num alojamento restrito.
Pivovarov foi retirado de um voo com destino a Varsóvia no aeroporto de São Petersburgo, pouco antes da descolagem, em maio de 2021, e levado para a cidade de Krasnodar, no sul.
Vários dias antes, o grupo de oposição que ele chefiava, o Open Russia, dissolveu-se para proteger os seus membros de processos, após as autoridades russas o designarem como uma organização "indesejável". O governo citou então uma lei de 2015 que tornava a participação em tais organizações uma ofensa criminal.
Em Krasnodar, Pivovarov foi acusado de apoiar um candidato local em nome de uma organização "indesejável" - acusações que ele rejeitou e considerou como politicamente motivadas e desencadeadas por causa dos seus planos de concorrer ao parlamento russo em 2021. Ele foi condenado em julho de 2022.
Pavel Chikov, um importante defensor dos direitos humanos na Rússia, disse no Telegram, que a IK-7, na Carélia, é uma notória colónia penal onde o ex-magnata que se tornou político da oposição Mikhail Khodorkovsky cumpriu parte da sua sentença, assim como o ativista da oposição Ildar Dadin.
Dadin, em 2016, reclamou protestou por estar a ser alvo de espancamentos e outros tratamentos severos naquelas instalações, e o seu relato angustiante da pena cumprida no IK-7 fez manchetes internacionais.
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