Sequestrado em 17 de janeiro por desconhecidos em frente a uma esquadra nos subúrbios da capital, Yaoundé, Arsène Salomon Mbani Zogo, conhecido como "Martinez", de 50 anos, foi encontrado morto cinco dias depois, com marcas evidentes de tortura, segundo o Governo.
Um influente homem de negócios, Jean-Pierre Amougou Belinga, alegadamente próximo do poder, foi detido no passado dia 03 no quadro da investigação do crime, por suspeita de envolvimento.
"Martinez" Zogo foi o diretor-geral da estação de rádio privada Amplitude FM e apresentador de um programa diário, Embouteillage, no qual denunciava regularmente negócios ilegais e corrupção neste país da África Central, cujo regime autoritário é conduzido há mais de 40 anos por Paul Biya e o todo-poderoso partido do Presidente, Reunião Democrática do Povo dos Camarões.
Com o comunicado de hoje, é a primeira vez em mais de três semanas que o Governo se refere ao caso, que suscitou grande comoção no país.
O porta-voz do Governo, René Emmanuel Sadi acusou vários meios de comunicação de usarem o caso Zogo como "pretexto" para "pôr em julgamento um Estado e um regime, por meio de comentários excessivos, por vezes insultuosos, arriscando-se mesmo a profetizar desajeitadamente e impensadamente sobre o futuro dos Camarões".
Citou nominalmente a organização não-governamental Reportes Sem Fronteiras e "especialmente o jornal francês Le Monde que acusou de afirmações inoportunas, análises erróneas e especulações fantasiosas, sem qualquer correlação com a realidade camaronesa".
O porta-voz não invocou o conteúdo das publicações da RSF.
Leia Também: Homem de negócios camaronês detido no caso do assassinato de jornalista