Armas americanas matam mais no México que nos EUA

Armas americanas matam mais pessoas no México do que nos Estados Unidos da América, por causa do tráfico ilícito que muitas vezes está nas mãos do crime organizado, revelou hoje a investigação "Foreign Armas no México".

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Lusa
25/02/2023 06:44 ‧ 25/02/2023 por Lusa

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Estudo

Segundo o pesquisador John Lindsay-Poland, que moderou um painel formado por especialistas dos Estados Unidos, México, Alemanha ou Itália, "70% das armas com as quais ocorrem homicídios no México vêm dos Estados Unidos e, a partir dessas estatísticas, é mais provável que haja mais homicídios com armas americanas no México do que nos Estados Unidos".

No entanto, aquele responsável sublinhou que o cálculo feito no âmbito do estudo é apenas "uma estimativa".

Na palestra de hoje foi apontada também a responsabilidade da indústria de armas e dos Estados por não monitorar as exportações que chegam ao México, sobretudo oriundas dos Estados Unidos, mas também da Europa, que às vezes são realizadas ignorando a legislação e os tratados vigentes.

Dessa forma, os palestrantes indicaram que as armas acabam nas mãos do crime organizado ou de instituições policiais, com as quais acabam sendo cometidos os homicídios.

"E nos Estados Unidos eles não estão cientes disso. As armas que chegam ilegalmente ao México são usadas para controlar e intimidar a população mexicana", adiantou Po Murray, membro do movimento norte-americano "Guns Down América".

Lorena Reza, membro do movimento Regresando a Casa Morelos, destacou a participação dessas armas no desaparecimento, em 2007, de um dos seus irmãos em Cuernavaca, capital do estado central de Morelos, e na tortura e homicídio de outro dos seus irmãos.

"As armas dos Estados Unidos chegam aqui e destroem as nossas famílias. Não queremos mais continuar assim", afirmou.

Leticia Sedou e Charlotte Kehne, especialistas da Bélgica e da Alemanha, respetivamente, explicaram como as armas exportadas de ambos os países foram usadas em 2014 no desaparecimento forçado de 43 estudantes no estado de Guerrero, conhecido como o caso Ayotzinapa.

"A Itália é o principal exportador europeu, especialmente de armas leves. Essas armas são usadas pela polícia em violações de direitos humanos, como em Ayotzinapa. A polícia de Iguala tinha 63 fuzis da marca Beretta", recordou Sedou, membro da Rede Europeia Contra o comércio de armas.

Por sua vez, Kehne garantiu que fuzis G36 de fabrico alemão foram usados ??no desaparecimento dos jovens e que, segundo a legislação daquele país, eles nunca deveriam ter chegado a Guerrero.

Segundo dados oficiais do México, no âmbito do Tratado de Controle de Armas, entre 2019 e 2021, 40.644 armas foram exportadas da Europa para o México, 24.395 para uso civil e 16.249 para uso militar.

"As empresas europeias estão a instalar sua produção nos Estados Unidos, o que lhes permite ter leis de exportação menos rígidas para exportá-las para o México", alertou Sedou.

Leia Também: EUA sancionam empresários europeus por ajudarem indústria de guerra russa

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