No seu discurso, Canijo agradeceu à equipa de produção e distribuição, assim como à equipa que consigo criou o filme, "composta quase completamente por mulheres", nomeando em especial a diretora de fotografia, Leonor Teles.
"Para terminar, [agradeço] às mulheres que me deram a sua vida para este filme, as atrizes, são maravilhosas e deram-me a sua vida", afirmou o realizador português.
O realizador terminou a sua intervenção declarando 'Slava Ukraini!' ('Glória à Ucrânia!').
Na edição deste ano do Festival de Berlim, o Urso de Ouro de Melhor Filme, prémio principal do festival, foi para 'Sur l'Adamant', do realizador francês Nicolas Philibert. O troféu foi entregue aos produtores Céline Loiseau, Gilles Sacuto e Miléna Poylo.
'Roter Himmel', do realizador alemão Christian Petzold, recebeu o Urso de Prata do Grande Prémio do Júri.
O Urso de Prata de Melhor Realizador foi para o cineasta francês Philippe Garrel, por 'Le Grand Chariot'.
Nome da 'nouvelle vague', criador de 'O Sal das Lágrimas' e 'Os Amantes Regulares', Garrel dedicou o prémio a Jean-Luc Godard (1930-2022), o 'patriarca' do cinema novo com filmes como 'O Acossado' e 'Pedro, o Louco'.
O Urso de Prata de Melhor Interpretação distinguiu a jovem Sofía Otero, pelo desempenho em '20.000 especies de abejas', primeira longa-metragem da espanhola Estibaliz Urresola Solaguren.
Otero interpreta a figura de Aitor, um rapaz de nove anos de uma pequena comunidade basca que se considera uma menina, e que como tal quer ser tratada.
O Urso de Prata de Melhor Interpretação de Apoio (Secundária) foi atribuído a Thea Ehre, por 'Bis ans Ende der Nacht', do alemão Christoph Hochhäusler.
Na competição de Curtas-Metragens, o Urso de Ouro foi para 'Les chenilles', dos irmãos libaneses Michelle e Noel Keserwany, que ficou automaticamente nomeado para os Prémios do Cinema Europeu, com esta vitória.
Na secção Encontros, dedicada a "novas visões cinematográficas", o prémio de Melhor Filme foi para 'Here', do belga Bas Devos, e o de Melhor Realização, para a cineasta salvadorenha de origem mexicana Tatiana Huezo, pelo filme 'The Echo', que também recebeu o prémio de Melhor Documentário do festival.
Nesta secção, foi ainda atribuído o Prémio Especial do Júri ex-aequo a dois realizadores espanhóis: Paul B. Preciado, por 'Orlando, My Political Biography' (igualmente menção honrosa nos documentários), e Lois Patiño, por 'Samsara'.
João Canijo esteve na competição desta edição do festival com duas longas-metragens interligadas, que tiveram estreia em secções distintas: 'Mal Viver' esteve na competição oficial e 'Viver Mal' na secção Encontros.
'Mal Viver' "é a história de uma família de várias mulheres de diferentes gerações, que arrastam uma vida dilacerada pelo ressentimento e o rancor, que a chegada inesperada de uma neta vem abalar, no tempo de um fim de semana", lê-se na sinopse.
'Viver Mal' segue em paralelo àquela história, focando-se nos hóspedes que passam pelo hotel.
O elenco conta sobretudo com mulheres, com Rita Blanco, Anabela Moreira, Madalena Almeida, Cleia Almeida, Vera Barreto, Filipa Areosa, Leonor Silveira, Lia Carvalho, Beatriz Batarda, Leonor Vasconcelos e Carolina Amaral, às quais se juntam Nuno Lopes e Rafael Morais.
A produtora Midas Filmes descreve as duas longas-metragens como "um dos mais ambiciosos empreendimentos artísticos dos anos mais recentes" no percurso de João Canijo. Ambos se estreiam nos cinemas portugueses a 11 de maio.
João Canijo já tinha estado presente noutros festivais de cinema de relevo, como Cannes, com 'Noite Escura' (2004), Veneza, com 'Mal Nascida' (2007), e San Sebastian, onde venceu dois prémios com 'Sangue do meu Sangue' (2011).
Leonor Teles, a diretora de fotografia de 'Mal Viver', conquistou o Urso de Ouro do Festival de Berlim, em 2016, na competição de curtas-metragens, com 'Balada de um Batráquio'.
O júri da Competição Internacional da Berlinale deste ano foi presidido pela atriz norte-americana Kristen Stewart, e composto pela atriz iraniana Golshifteh Farahani, pela realizadora alemã Valeska Grisebach, pelo romeno Radu Jude, pela diretora de 'casting' norte-americana Francine Maisler, pela realizadora espanhola Carla Simón e pelo realizador de Hong Kong Johnnie To.
[Notícia atualizada às 20h17]
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