UE aponta "avanços" na normalização das relações entre Sérvia e Kosovo
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, registou hoje "avanços" na normalização das relações entre Sérvia e Kosovo, após um encontro entre os líderes de Belgrado e Pristina, embora seja necessário novo encontro em março.
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Mundo Josep Borrell
"Houve progresso hoje, mas ainda há trabalho a ser feito para garantir que o que foi acordado será implementado", destacou o Alto-Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell.
O diplomata espanhol falava após uma reunião com o Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, e o primeiro-ministro do Kosovo, Albin Kurti, para discutir um plano proposto pela UE.
Os dois dirigentes aceitaram como princípio a implementação do plano de paz proposto pela UE, mas "ainda são necessárias novas negociações sobre as modalidades dessa implementação", precisou Borrell, citado pela agência France-Presse (AFP).
"É importante chegar a acordo. Mais importante ainda é implementar o que foi acordado e é o que ainda não foi finalizado", sublinhou.
Uma nova reunião de "alto nível" será organizada "durante o mês de março e o enviado da UE deslocar-se-á entretanto a Belgrado e Pristina", anunciou ainda o chefe da diplomacia europeia.
"Ambos os líderes comprometeram-se a não permitir ações unilaterais que possam inviabilizar o processo", concluiu Josep Borrell.
Já o Presidente sérvio referiu, na sua conta na rede social Instagram, que "o encontro foi difícil, como era de esperar", assegurando que "não há capitulação".
O encontro de hoje centrou-se na mais recente proposta da UE para a normalização das relações entre o Kosovo e a Sérvia, que ainda está a ser trabalhada e deverá conduzir a um acordo juridicamente vinculativo.
Em dezembro passado, iniciou-se uma fase de pacificação das relações entre as duas partes, com o fim dos bloqueios de estradas realizados pelos sérvios do Kosovo.
Com estes bloqueios, os sérvios do Kosovo quiseram protestar contra as políticas do Governo central, que consideram discriminatórias para a minoria sérvia no Kosovo, principalmente no norte.
Depois de responsabilizar Pristina pelas tensões crescentes, Belgrado chegou ao ponto de colocar o Exército e a polícia em alerta máximo, um nível que inclui a possibilidade de recorrer ao armamento.
Belgrado nunca reconheceu a secessão unilateral do Kosovo em 2008, proclamada na sequência de uma guerra iniciada com uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, na maioria albaneses, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.
Desde então, a região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais, num país com um terço da superfície do Alentejo e cerca de 1,7 milhões de habitantes, na larga maioria (perto de 90%) de etnia albanesa e religião muçulmana.
O Kosovo independente foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os Estados Unidos, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.
A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil, África do Sul ou Indonésia) também não reconheceram a independência do Kosovo.
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