Objetivos climáticos não serão cumpridos se Amazónia "não for protegida"
O enviado especial dos Estados Unidos da América (EUA) para as alterações climáticas, John Kerry afirmou hoje, no Brasil, que o mundo só poderá atingir as metas estabelecidas no Acordo de Paris caso a Amazónia seja protegida.
© Stefan Wermuth/Bloomberg via Getty Images
Mundo John Kerry
"A não ser que a Amazónia seja protegida não podemos manter o objetivo da temperatura [subir apenas] 1,5 graus", uma das metas estabelecidas no Acordo de Paris, afirmou John Kerry, ao lado da ministra do Ambiente do Brasil, Marina Silva, numa conferência de imprensa em Brasília.
Kerry que se encontra em Brasília desde segunda-feira teve uma vasta agenda que incluiu, além de encontros com o Presidente brasileiro, Lula da Silva, e o vice-presidente, Geraldo Alckmin, ainda reuniões com outras autoridades governamentais, representantes do parlamento e organizações da sociedade civil que trabalham na Amazónia e em outros ecossistemas do país.
"Esta floresta é crucial para que o mundo atinja as metas que nos propusemos a cumprir", frisou o responsável norte-americano, acrescentando que a biodiversidade desta floresta é fundamental para o planeta.
Segundo Kerry, a visita visou dar "seguimento imediato" ao que foi discutido em Washington pelos presidentes Joe Biden e Luiz Inácio Lula da Silva, que estiveram juntos na Casa Branca no dia 10 com uma agenda de alto conteúdo ambiental.
O enviado especial dos EUA para as alterações climáticas frisou ainda que o país irá investir no fundo da Amazónia, criado com doações da Noruega e da Alemanha e destinado a financiar ações contra a desflorestação no maior pulmão verde do planeta.
A eventual participação dos EUA neste fundo, que tem um orçamento cerca de mil milhões de euros, terá de ser aprovada pelo Congresso norte-americano.
"Estamos empenhados no Fundo Amazónia" mas também em outras áreas e projetos que visam a proteção ambiental, garantiu John Kerry, anunciando ainda que pretende "regressar no próximo mês à Amazónia".
"A Marina [Silva] disse que ia comigo", contou, dizendo ainda respeitar muito a ministra do Ambiente, "uma das líderes há muito tempo nestes temas, muito respeitada".
Na mesma ocasião, Marina Silva revelou que os temas tratados ao longo destes dois dias incidiram no clima, florestas, num novo modelo de desenvolvimento e no combate à desigualdade e proteção dos povos originários.
O combate à mineração ilegal e o objetivo de "desmatamento zero" até 2030 no Brasil foram também um dos principais pontos em discussão entre as duas delegações.
Antes de rumar à embaixada norte-americana em Brasília, John Kerry prometeu fazer de tudo para cuidar deste "tesouro extraordinário que pertence a todos".
"Isto é urgente, não há outra opção", sublinhou.
Por outro lado, ainda com John Kerry na sala, Marina Silva disse que o país quer uma "ajuda soberana" sabendo da importância que a Amazónia tem para o mundo, mas que esta pertence ao Brasil.
"É fundamental que o mundo desenvolvido ajude a proteger as nossas florestas", disse.
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