Envenenamento de alunas? "Crime imperdoável", diz líder supremo do Irão
O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, classificou hoje como um "crime imperdoável" o envenenamento, alegadamente com gás, de mais de mil meninas em dezenas de escolas femininas.
© Getty
Mundo Ali Khamenei
"É um crime imperdoável. Os responsáveis por estes crimes devem ser severamente punidos", disse Khamenei, citado pelos meios de comunicação oficiais iranianos.
O líder religioso pediu às autoridades que investiguem os envenenamentos em escolas femininas, supostamente por algum tipo de gás, que começaram em novembro na cidade sagrada xiita de Qom e se multiplicaram nos últimos dias por várias regiões do país.
Até agora, mais de mil alunas foram envenenadas em dezenas de cidades do país. As jovens estudantes sofreram de dores de cabeça, palpitações, náuseas, tonturas e, às vezes, incapacidade de mover os membros após sentirem um cheiro de citrinos, cloro ou produtos de limpeza.
Os últimos casos ocorreram no domingo em várias cidades do país, incluindo num dormitório estudantil onde vivem 450 jovens, das quais 29 estiveram internadas no hospital, noticiou o jornal Shargh.
O Ministério do Interior e o Ministério da Informação estão a investigar os ataques.
Segundo dados do Ministério Interior, houve ataques com gás em 52 escolas e um número desconhecido de alunas foram envenenadas, números que estão longe dos fornecidos pelos meios de comunicação iranianos e grupos de ativistas.
O Presidente do Irão, Ebrahim Raisi, culpou "inimigos" do país pelos envenenamentos, um termo frequentemente usado para se referir aos Estados Unidos e Israel.
Os ataques estão a alimentar o descontentamento popular, principalmente entre os pais, dada a ineficácia das autoridades em deter os ataques que parecem destinados a travar a educação das mulheres.
No Irão, a educação feminina nunca foi proibida nos 43 anos de existência da República Islâmica e alguns pais relacionam os envenenamentos com os protestos que ocorreram nos últimos meses.
Os ataques relatados estão a acontecer num momento sensível no Irão, que enfrenta há meses protestos após a morte da jovem Mahsa Amini, depois da sua detenção em setembro pela polícia de moralidade do país.
Muitas das alunas das escolas e institutos que participaram nesses protestos tiravam os véus, gritavam "mulher, vida, liberdade" e destruíam retratos de Khamenei e do ayatollah Ruhollah Khomeini.
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