"Eles vão lutar por Artiomovsk [nome russo para Bakhmut] até ao fim, isso é evidente", afirmou Yevgeny Prigozhin, segundo a sua assessoria de imprensa.
Prigozhin, homem de confiança do presidente russo, Vladimir Putin, acrescentou ainda que os mercenários da Wagner também devem realizar o seu trabalho até ao fim.
Mas, para isso, acrescentou, precisam de mais ajuda do comando militar russo.
"Para que as Forças Armadas ucranianas desbloqueiem Artiomovsk, primeiro precisam bloquear os Wagners", disse Prigozhin, acrescentando que está "a bater a todas as portas" para receber reforços e munições.
O líder do grupo Wagner voltou a queixar-se, no domingo, de falta de munições, alegando atrasos nas entregas e admitindo atos de sabotagem.
Prigozhin destacou também hoje que se a ajuda chegar e todos puderem fazer o seu trabalho, serão os russos a bloquear os ucranianos e não o contrário.
"Caso contrário, tudo irá para o inferno", alertou.
As declarações do responsável do grupo Wagner surgem depois dos comandantes das tropas ucranianas terem decidido continuar a operação defensiva em Bakhmut.
Esta posição foi expressada quer pelo comandante das forças terrestres da Ucrânia, coronel general Oleksandr Syrskyi, quer pelo chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Valery Zaluzhny.
A presidência ucraniana garantiu hoje que vai reforçar as suas posições em Bakhmut, quando se especulava sobre uma eventual retirada das forças comandadas por Kyiv.
A Rússia tem tentado, desde o verão de 2022, conquistar Bakhmut, uma cidade na Ucrânia oriental que tinha cerca de 70.000 habitantes antes da invasão russa, há um ano.
As forças russas têm avançado na região nos últimos dias, ameaçando cercá-la, mas os ucranianos continuam a defendê-la.
No domingo, o Instituto para o Estudo da Guerra, um grupo que reúne peritos norte-americanos, disse que as forças ucranianas estavam "provavelmente a preparar uma retirada tática limitada" em Bakhmut.
"É improvável que as forças ucranianas se retirem de Bakhmut de uma só vez, e é possível que continuem uma retirada gradual enquanto lutam, a fim de desgastar as forças russas com combates urbanos", previu o Instituto no seu relatório de domingo.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.173 civis mortos e 13.620 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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